Há muito tempo não lia algo que me intrigasse tanto quanto Corte de Espinhos e Rosa, de Sarah J. Maas. Assim que recebi o livro da Editora Galera Record, fiquei encantada com as cores da capa. Uma mistura de lilás, verde e azul claro – minhas cores preferidas – tornam o desenho atrativo de longe, independente do que encontraremos em suas páginas. Não é coincidência porém, que novamente o nome de Sarah J. Maas me faça sorrir. A autora de O Trono de Vidro mostrou mais uma vez porque é referência no quesito ficção. Hoje o Ler é Bom, Vai! traz o primeiro volume de uma série de livros, dos quais três já foram publicados no Brasil.
Não há como ler Corte de Espinhos e Rosas sem pensar no clássico A Bela e a Fera. As semelhanças podem fazer com que muitos cheguem a caracterizá-lo como cópia, mas está longe isso. A maneira como a autora desenvolve seu enredo e seus personagens é única e envolvente, trazendo semelhanças do conto francês a medida que acrescenta toques de modernidade a história.
“Nesse misto de A Bela e A Fera e Game of Thrones, Sarah J. Maas cria um universo repleto de ação, intrigas e romance. Depois de anos sendo escravizados pelas fadas, os humanos conseguiram se libertar e coexistem com os seres místicos. Cerca de cinco séculos após a guerra que definiu o futuro das espécies, Feyre é forçada a se tornar uma caçadora. Arrastada para uma terra mágica e traiçoeira, a jovem descobre que seu captor não é um animal, mas o senhor da Corte Feérica da Primavera. À medida que ela descobre mais sobre este mundo onde a magia impera, seus sentimentos por Tamlin passam da mais pura hostilidade até uma paixão avassaladora. Enquanto isso, uma sinistra e antiga sombra avança sobre o mundo das fadas e Feyre deve provar seu amor para detê-la.”
O que falar de um livro descrito como um misto de A Bela e a Fera e Game of Thrones? Por ser fã de ambas as histórias, fui receosa para o primeiro capítulo de Corte de Espinhos e Rosas, com medo de me decepcionar. Devido a CCXP, li o romance mais devagar do que pretendia, mas uma vez com ele em mãos, não consegui fazer outra coisa senão lê-lo. Feyre é maravilhosa, como há muito eu não via em uma protagonista. Diferente da princesa de Walt Disney, ela não se destaca por sua beleza ou delicadeza, muito pelo contrário. Tive uma identificação muito rápida com a protagonista, por seu jeito bruto e despretensioso de ser, sempre esperando o pior da pessoas. Por ser uma trama narrada em primeira pessoa, é possível termos acesso total aos pensamentos da garota, desde os maliciosos como os carregados de desejo e paixão. Não pense você que por se tratar de fantasia, não teremos uma dose de realidade. Fiquei curiosa quando vi a classificação etária do livro (+16), mas a medida que entendi, passei a amá-lo ainda mais.
Devido ao descaso e total abandono do pai, Feyre é quem caça para alimentar a família. Por conta de uma promessa feita a mãe em seu leito de morte, a menina carrega o fardo de manter seus familiares sempre em primeiro lugar. Suas duas irmãs são completamente inúteis e só estão preocupadas com dinheiro, maridos e bens materiais. O pai perdeu tudo na vida e desde então perdeu também a vontade de vivê-la. Enquanto está caçando uma corsa, Feyre encontra um lobo monumental de olhos amarelos. Sabendo a procedência do mesmo, um feérico, ela não hesita em tirar sua vida com uma flecha de freixo. O que a menina não sabia, porém, é que o lobo não era apenas um simples feérico, mas um dos guardas de Tamlin, um Grão-Feérico morador de Prythian, além da muralha (pegou a referência?). Como punição, o soberano leva a garota para seu reino e a obrigada a morar lá, em meio ao luxo e riquezas. É o começo de uma linda história de amizade, confiança e superação.
“Eu sabia… eu sabia que seguia um caminho que provavelmente terminaria com meu coração mortal despedaçado, mesmo assim… Mesmo assim, não pude evitar.”
Não é difícil imaginar o que acontece entre Feyre e Tamlin, mas a maneira como a relação é construída gradualmente é a grande chave do romance. A medida em que desenvolve os personagens, Sarah vai nos ensinando diversas lições. Me encantei por Lucien e suas piadas irônicas, enquanto me apaixonada cada vez mais pelo Grão-Feérico. A autora sobe compartilhar os sentimentos de sua protagonista com o leitor, tornando impossível que larguemos o livro antes de terminá-lo.
Prythian é um reino amaldiçoado, onde todos os seus cidadãos foram contaminados por uma peste e são obrigados a usar máscaras. A medida em que passam-se os dias, Feyre começa a desenvolver afeição por seu novo lar e seus habitantes. Ao investigar a história do lugar, descobre Amarantha, uma rainha tirana que carrega um ódio especial pelos humanos – e todos que não compartilharem do mesmo sentimento. Pela primeira vez em 49 anos, os feéricos finalmente tem uma chance de quebrar o feitiço, mas dependem de um ser que sempre trataram como fracos e dispensáveis: um humano, ou no caso, uma.
Dificilmente gosto do protagonista de uma história, mas fui obrigada a abrir uma exceção para Feyre. A menina é incrível em todos os sentidos. Geralmente vemos a heroína tomando decisões impulsivas e erradas, mas com ela é diferente. Sarah praticamente a criou em suas páginas, a fazendo amadurecer e criar coragem diante de nossos olhos. Mesmo quando o ódio consumia todos os seus sentimentos, ela foi capaz de se manter racional e focada em seus objetivos, salvar o homem que ama. Ela também é humana e comete erros, mas sofre as consequências por ele e aprende a superá-los.
O que dizer do universo criado pela autora? Rico e cheio de criatividade, Prythian é o tipo de lugar que entrará para minha lista de destinos – ao lado de Hogwarts, Narnia e Valfenda. Mesmo não conseguindo enxergar as cores e detalhes, pelos olhos de Feyre é possível ter uma idéia do quão paradisíaco é. Corte de Rosas e Espinhos não poderia ser descrito por pessoa melhor, protagonizado por heroína mais fantástica e situado em lugar mais impressionante. Tudo se encaixa para o que temos no final, uma leitura frenética, intensa e extremamente prazerosa.