Nunca fui de seguir as ‘modinhas’. Demorei para ler livros, que amei, apenas por estarem na moda e sendo falados por todos. A autora da moda é JoJo Moyes, aquela de “Como Eu Era Antes de Você”, o tal do livro da moda. Bom, sou obrigada a deixar meu preconceito de lado cada vez que pego uma de suas histórias pra ler, e já posso falar que é uma de minhas escritoras favoritas.
“Talvez isso lhe pareça fantasioso. Talvez você estivesse pensando no teatro, ou na crise econômica, ou em comprar cortinas novas. Mas de repente me dei conta, no meio daquela pequena loucura, que ter alguém que nos entenda, que nos deseje, que nos veja como uma versão melhorada de nós mesmos é o presente mais incrível.”
Você já ouviu falar de “Cartas para Julieta”, filme de 2010, com Amanda Seyfried e Gael García Bernal ? Caso tenha visto e gostado, “A última carta de amor” , de Moyes, será extremamente prazeroso e agradável de se ler. Dá para imaginar que estamos falando de um romance, apenas pelo título, mas uma das características da autora que mais me agrada é a não repetição em suas histórias. Não lidamos com os mesmos clássicos “água com açúcar”, mas com tramas inteligentes e criativas, que sempre acabam por nos surpreender.
Este é mais um daqueles livros que precisamos ter persistência para gostar. Começando de maneira lenta e confusa, por ter duas protagonistas, não é apaixonante logo no primeiro capítulo, mas não desistam, JoJo sempre dá um jeito de nos fazer não querer largar suas páginas.
“Se tudo o que nos é permitido são horas, minutos, quero ser capaz de gravar cada um deles na memória com perfeita clareza para poder recordá-los em momentos como este, quando minha alma está sombria.”
Ellie Haworth e Jennifer Stirling têm suas vidas narradas aos poucos, separadas por 40 anos, mas com resquícios de um possível encontro no futuro. Ellie, uma jornalista dos anos 2000, encontra as cartas de Anthony O’Hare, amante de Jennifer nos anos 60. Seu emprego está por um triz, então Ellie decide investigar as correspondências para uma possível matéria, contando com a ajuda de Rory, o ‘cara dos arquivos do jornal’.
Boa parte do livro é centralizada em Jennifer, uma jovem de 27 anos que acorda em um hospital, com amnésia após um acidente de carro. Ela é casa há 4 anos com Laurence Stirling, um homem rico, aristocrático, reservado e temperamental, que possuí um importante cargo no setor de mineração. Apesar de ser o casal popular entre os amigos, dentro de casa as coisas eram frias e mecânicas. É neste ambiente que surge Anthony O’Hare, um jornalista romântico e aventureiro. Um bonito e puro amor nasce entre os dois, mas a sociedade opressora e machista torna tudo mais difícil.
O destino e a vida insistem em separar Jennifer de seu grande amor, mas colaboram para seus reencontros. Ao mesmo tempo, Ellie vive a vida de amante, apaixonada por um homem casado e sem a menor pretenção de largar a esposa. Apesar de estarem em papéis separados, anos de distância e sociedades de tempos diferentes, são as cartas de Jennifer que salvam Ellie de sua vida complicada. E é Ellie que traz esperança e o amor de volta a velha senhora, quando encontra suas correspondências.
“Certa vez uma pessoa sábia me disse que escrever é perigoso pois nem sempre podemos garantir que nossas palavras serão lidas no espírito em que foram escritas…”
Pode parecer mais um romance clichê, mas tenho certeza que irá se surpreender no final. A maneira como Moyes conecta os fatos e amarra as pontas é o que faz seus livros serem tão bons e populares. Diferente das histórias de Nicholas Sparks, por exemplo, temas polêmicos são abordados em cada livro, sendo essenciais para a desenvoltura do enredo. A última carta de amor é um ótimo livro, apesar de demorar para nos encantar. É uma leitura gostosa e prazerosa.