Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis abre as portas da Fase 4 da Marvel Studios. Na cronologia, é o primeiro filme pós Vingadores: Ultimato e estabelece novos personagens, e o mundo místico das artes marciais. Dirigido por Destin Daniel Cretton a partir do roteiro de Dave Callaham e Andrew Lanham, o filme cumpre bem a missão de apresentar o herói em uma aventura com muita ação.
Na trama, Shang-Chi (Simu Liu) é um jovem chinês criado por seu pai Wenwu (Tony Leung) em reclusão e treinado em artes marciais. Quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar. Quando o passado volta a persegui-lo, Shang-Chi contará com a ajuda da amiga inseparável Katy (Awkwafina) para reencontrar sua irmã Xu Xialing (Meng’er Zhang) e impedir os planos do pai de destruir a mística cidade de Ta Lo.
Além de ser um filme de introdução para um novo personagem, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis também precisa lidar com as consequências dos eventos do MCU. O roteiro consegue amarrar de forma precisa os eventos após o blip, nome que foi dado após o estalo de Tony Stark que trouxe metade da população de volta ao planeta. Entre uma cena e outra, Shang-Chi passa por cartazes citando o blip e grupos de terapia para as pessoas que precisam de ajuda psicológica.
Punho de Ferro da Netflix foi uma tentativa frustrada da Marvel apresentar o mundo das artes marciais. Tudo que faltou lá tem de sobra em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis. O filme abandona os cenários conhecidos do MCU e coloca o público para locações nunca antes vistas, como florestas e a belíssima cidade de Ta Lo. É o palco perfeito para belas tomadas e lutas que remetem aos clássicos filmes de kung-fu. Falando nisso, Shang-Chi apresenta de forma eficiente a cultura chinesa para os ocidentais.
As cenas de ação estão impecáveis e utiliza de forma eficiente os cenários para grandes coreografias. Destaque para a longa sequência em Macau e ato final que mistura o lindo cenário de Ta Lo para uma guerra entre povos.
Simu Liu faz de Shang-Chi um personagem com muitas camadas. É um herói recluso após a tragédia de sua família. Mesmo acreditando que em Nova York ele passou uma borracha no passado, ele sabe que está apenas adiando o encontro inevitável com o pai. É um herói em construção e foi fundamental a adição da amiga Katy, vivida pela brilhante Awkwafina. Mais que um alívio cômico, ela é o braço direito do herói. A construção da amizade entre os dois é, sem dúvidas, um dos pontos altos do filme.
O grande ator Tony Leung faz de Wenwu um dos melhores vilões do MCU. Mas a palavra vilão não existe bem nesse filme. O filme não segue a tradicional história de luta do bem contra o mal. É um drama sobre um trauma que afetou toda uma família. Wenwu deseja superar esse trauma sem se importar com as consequências. O núcleo dos principais personagens é movido por essa tragédia. Como acontece com Xu Xialing (Meng’er Zhang), a irmã do protagonista. Ela foi a que mais mudou. E isso fica evidente nos eventos finais do filme. Uma pena que Xu Xialing teve pouco espaço para ser desenvolvida em cena.
O longa reserva um merecido pedido de desculpas sobre os Dez Anéis e Mandarim, citados respectivamente nos filmes Homem de Ferro (2008) e Homem de Ferro 3 (2013). Pela primeira vez, a história dos anéis é devidamente explicada e o roteiro deu aquela cutucada merecida na forma como os ocidentais enxergam os asiáticos. Além disso, o filme proporciona o retorno de um personagem esquecido em Homem de Ferro 3, que se torna fundamental para contar a verdadeira história por trás dos Dez Anéis.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é uma aventura épica da Marvel Studios. Um filme que se desenvolve por conta própria, apresenta um novo universo e utiliza de forma pontual alguns eventos do MCU para estabelecer o novo herói. Por fim, um filme que presta tributo às clássicas produções de artes marciais.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis foi lançado em setembro nos cinemas e está disponível desde o dia 12 de novembro para todos os assinantes do Disney+.
Ps: Há duas cenas pós-créditos no filme.
ÓTIMO
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é uma aventura épica da Marvel Studios. Um filme que se desenvolve por conta própria, apresenta um novo universo e utiliza de forma pontual alguns eventos do MCU para estabelecer o novo herói. Por fim, um filme que presta tributo às clássicas produções de artes marciais.