Sex Education – Quarta temporada | Crítica

A aguardada quarta e última temporada de Sex Education chega à tela com a árdua tarefa de encerrar uma das séries adolescentes mais aclamadas da Netflix. No entanto, os oito episódios finais acabam por não manter o mesmo ritmo das temporadas anteriores, revelando-se a mais frágil de toda a jornada da série.

Um dos principais pontos negativos reside na ausência notável de personagens que desempenharam papéis importantes ao longo da trama, sendo que muitos deles simplesmente são relegados ao esquecimento e têm seus destinos explicados rapidamente em diálogos rápidos entre cenas. O caso de Ola e Jakob, figuras significativas na vida de Otis e sua mãe Jean (Gillian Anderson), exemplifica essa lacuna, com sua trajetória sendo reduzida a um simples diálogo no primeiro episódio. Essa abordagem pareceu um tanto apressada e superficial, considerando a relevância que esses personagens tiveram anteriormente.

Outros personagens que também desaparecem da série têm suas ausências explicadas de forma igualmente superficial em diálogos que, em última análise, não conseguem prestar a devida justiça a essas figuras que os fãs aprenderam a amar ao longo das temporadas anteriores. É compreensível que a ausência de alguns atores se deva a questões contratuais, mas teria sido benéfico para a narrativa uma abordagem mais elaborada para dar um fechamento adequado a esses personagens. No final das contas, a quarta temporada pareceu mais uma obrigação em encerrar as histórias do que um planejamento cuidadoso e orgânico.

Na trama, depois do fechamento do Colégio Moordale, Otis e Eric encaram mais um desafio: o primeiro dia no Colégio Cavendish. Otis está ansioso com a abertura da nova clínica, e Eric está rezando para que eles não sejam os excluídos outra vez. Mas o Cavendish é um verdadeiro choque cultural para a turma do Moordale. Eles achavam que eram mente aberta e modernos, só que o novo colégio vai ainda mais longe. Tem ioga todos os dias no jardim comunitário, tudo é pensado para a sustentabilidade, e um grupo de alunos é popular pela… gentileza?! Viv fica empolgada com a abordagem não competitiva do colégio, enquanto Jackson não consegue esquecer Cal. Aimee experimenta fazer aulas de arte, e Adam questiona se a educação tradicional realmente é para ele. Nos Estados Unidos, Maeve realiza seu sonho na renomada Universidade Wallace, fazendo aulas com o escritor Thomas Molloy. Com saudades dela, Otis tenta se adaptar a não ser o único filho em casa e nem o único terapeuta no campus…

A quarta temporada de Sex Education não é desprovida de momentos memoráveis, particularmente no desenvolvimento do arco central, que gira em torno do trio formado por Otis, Maeve e Eric.

Amados por alguns e detestados por outros, Otis (Asa Butterfield) e Maeve (Emma Mackey) enfrentam desafios significativos em sua tentativa de manter um relacionamento à distância, com a insegurança de Otis se revelando como um obstáculo particularmente desafiador. O desfecho escolhido para o casal é, de fato, o mais adequado, embora não esteja isento de dor. Desde o início da série, ficou evidente que a força do relacionamento entre Otis e Maeve estava em como um inspirava o melhor do outro.

Eric (Ncuti Gatwa), incontestavelmente um dos personagens mais cativantes da série, finalmente encontra um equilíbrio entre sua sexualidade e sua fé religiosa. Sua jornada é marcada por uma série de desafios até que ele finalmente encontre uma conexão mais profunda com sua espiritualidade, o que é retratado de forma tocante na trama. A emoção também se faz presente na reconciliação entre Adam e seu pai, o Sr. Groff. Finalmente, os dois conseguem superar suas diferenças e Adam, de sua própria maneira, começa a entender melhor sua bissexualidade.

Embora a quarta temporada de Sex Education possa não ter alcançado o mesmo brilhantismo das temporadas anteriores, ela ainda oferece momentos emocionantes e desenvolvimentos interessantes para os personagens principais, garantindo que os fãs fiéis da série tenham um encerramento digno para essa jornada única de autodescoberta e amadurecimento.