Plano de Aposentadoria | Crítica

Plano de Aposentadoria conta a história de Matt (Nicolas Cage), um aposentado que é surpreendido pela chegada de sua neta na ilha em que vive isolado. Quando ele descobre que sua filha e neta correm perigo de vida após o envolvimento com criminosos altamente perigosos, Matt deverá deixar o passado de lado e usar suas habilidades de quando era um matador profissional para poder salvá-las.

Plano de Aposentadoria apresenta uma estrutura já muito conhecida nos filmes de ação. No entanto, o filme tenta trazer uma abordagem diferente, aqui, o diretor e roteirista Tim J. Brown busca apresentar a linha tênue entre heróis e vilões e as circunstâncias que levam para esses dois caminhos. 

Infelizmente, essa discussão acaba ficando apenas no raso e é trazida em poucos momentos do filme. Apesar disso, essas conversas e transgressões do gênero, são um artifício bem-utilizado que serve como ponte para que o público se sinta mais próximo dos personagens e realmente crie uma conexão com eles. 

É aqui que Bobo, o personagem foco dessa discussão, entra. O capanga da quadrilha de criminosos é enviado para a ilha e precisa fazer de refém a filha de Ashley, Sarah, durante o tempo que ele passa com a garota as conversas vão servir para esses questionamentos sobre os “caras bons” e os “caras malvados”. 

Além disso, as cenas com Bobo servem como uma espécie de trilha de amadurecimento para Sarah, que percebe que o mundo e as pessoas não são bidimensionais, mas que existem inúmeras características e, até mesmo, contradições que as compõem. 

Como mencionado, apesar dessa tentativa de comentários mais profundos, Plano de Aposentadoria carece de aprofundamento em todas as suas narrativas, desde o questionamento sobre os papéis de bem e do mal até os dramas familiares, e, nos últimos minutos do filme, o roteiro de J. Brown tenta fazer comentários sobre a corrupção dentro dos governos, que logicamente não é desenvolvida por conta do pouco tempo. 

Apesar disso, Plano de Aposentadoria tem boas cenas de ação que mesclam o real com o absurdo. Em outras produções isso poderia ser considerado como algo ruim, mas o filme possui uma leveza em sua desenvoltura que abraça a comédia e o abstrato, trazendo-os para dentro da realidade da trama. 

Outros três destaques que dão gás ao filme são as atuações de Ron Perlman (Hellboy), Jackie Earle Haley (Watchmen) e, claro, Nicolas Cage (O Peso do Talento), os atores abraçam essas características de seriedade e sátira do filme e se jogam em papéis caricatos que fazem com o filme se torne divertido, mesmo com as falhas, e que o público sinta simpatia, ou raiva, por eles.

Plano de Aposentadoria não é um filme que tenta subverter o gênero de ação e se tornar um grande clássico, mas é uma boa opção para quem deseja assistir algo engraçado e divertido. As cenas de lutas são bem produzidas e conseguem transmitir essa mistura de ação e comédia.