Plano 75 | Crítica Plano 75 | Crítica

Plano 75 | Crítica

Uma narrativa provocativa e envolvente sobre questões urgentes de nossa era
Divulgação/Sato Company

Plano 75, o representante do Japão no Oscar 2023, chega aos cinemas brasileiros em um momento oportuno, coincidindo com eventos que destacam as dificuldades enfrentadas pela terceira idade, como o recente incidente da mulher que levou o cadáver do tio idoso para obter um empréstimo bancário. Dirigido por Chie Hayakawa, o filme oferece uma visão sensível das angústias do envelhecimento humano na contemporaneidade, abordando as sequelas do etarismo de forma tocante.

Plano 75 | Crítica

Situado em um Japão distópico e conturbado, Plano 75 apresenta a implementação da Lei 75 como resposta ao envelhecimento populacional. Sob essa lei, cidadãos com 75 anos ou mais podem se inscrever para uma eutanásia, recebendo uma quantia em dinheiro para gastar antes da morte ou deixar para suas famílias. O filme lança luz sobre os desafios éticos e sociais desse programa, especialmente quando se considera a discussão para reduzir a idade mínima de participação.

Uma das conquistas notáveis de Plano 75 é sua capacidade de levantar questões universais sobre o envelhecimento, não apenas dentro do contexto japonês, mas em uma escala global. Com a prolongação da vida humana devido aos avanços médicos, enfrentamos desafios econômicos e sociais significativos relacionados a uma população cada vez mais idosa. O filme nos convida a refletir sobre como nossa sociedade lida com o envelhecimento e as políticas que moldam o destino dos idosos em todo o mundo.

A diretora Chie Hayakawa demonstra habilidade ao incorporar referências a obras cinematográficas anteriores, como A Balada de Narayama, de Shôhei Imamura, enriquecendo assim o tecido narrativo do filme. Esta conexão não apenas acrescenta profundidade à história, mas também destaca temas culturais e tradicionais japoneses que permeiam a trama. Ao fazer isso, Plano 75 nos desafia a confrontar questões contemporâneas enquanto nos conecta com as raízes culturais profundas do Japão.

Uma das críticas mais contundentes do filme é sua exposição da forma como o governo manipula o espírito de sacrifício presente na cultura japonesa para justificar um sistema desumano de eutanásia. Através de histórias entrelaçadas de personagens afetados por essa política brutal, como uma senhora recém-demitida devido à idade avançada e um vendedor do programa Plano 75, o filme oferece um retrato multifacetado das vidas impactadas por essa realidade sombria.

Ao longo de sua narrativa, Plano 75 nos confronta com a dura realidade de como os idosos são frequentemente percebidos como um fardo pela sociedade. É um testemunho poderoso da luta silenciosa e muitas vezes ignorada dos idosos por dignidade e reconhecimento em uma sociedade que os marginaliza. Com sua estreia nos cinemas brasileiros, Plano 75, distribuído pela Sato Company, oferece ao público uma oportunidade de se envolver com uma narrativa provocativa e envolvente sobre questões urgentes de nossa era.

3.5

BOM

Plano 75 nos confronta com a dura realidade de como os idosos são frequentemente percebidos como um fardo pela sociedade. É um testemunho poderoso da luta silenciosa e muitas vezes ignorada dos idosos por dignidade e reconhecimento em uma sociedade que os marginaliza.