O Esquadrão Suicida | Crítica |

O Esquadrão Suicida é a meio-sequência, meio-reboot do filme de 2016, que se tornou o grande exemplo do quanto é importante o processo criativo. Os executivos da Warner optaram por retalhar o filme de David Ayer, fazendo do filme tudo, menos Esquadrão Suicida.

O Esquadrão Suicida | Crítica |
Divulgação/Warner Bros.

O filme de 2021 é o sinal que aprenderam. Uma recompensa para os fãs depois da experiência frustrante de 2016. O Esquadrão Suicida é um ótimo filme de ação, com várias referências a filmes B do gênero e um diretor com total liberdade para elaborar um roteiro que faz jus a Força-Tarefa X. Depois de ficar um tempo na geladeira da Marvel Studios, James Gunn entra para o time da DC e entrega um filme para maiores com senso de humor e extrema violência.

Na trama, Amanda Waller (Viola Davis) recruta a Força-Tarefa X, que incluem Joel Kinnaman (Rick Flag), Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Caça-Ratos (Daniela Melchior), Sábio (Michael Rooker), Tubarão-Rei (Sylvester Stallone), Blackguard (Pete Davidson), Doninha (Sean Gunn), T.D.K. (Nathan Fillion), Dardo (Flula Borg), Bolinha (David Dastmalchian) e Arlequina (Margot Robbie), para uma missão na remota ilha de Corto Maltese, repleta de inimigos. O objetivo é destruir uma prisão da era nazista no coração da ilha, onde abriga uma poderosa criatura alienígena chamada Starro.

Apesar de não ter feito uma ruptura do filme de 2016, o grande exemplo está na volta de alguns atores, como Viola Davis, Jai Courtney, Joel Kinnaman e Margot Robbie, James Gunn apresenta um filme totalmente diferente. Seja na estrutura narrativa e na classificação para maiores, que nunca foi bem vista pelo estúdio. Mas depois do sucesso de Coringa, parece que entenderam que algumas histórias da DC são para maiores de idade.

James Gunn utiliza a violência, palavrões e o humor ácido de forma bastante satisfatória. Um grande apaixonado por filmes B na década 60 e 70, o cineasta decide beber dessa fonte. E que fonte! O diretor prestou tributo desde os materiais de divulgação até na base da história para os ótimos filmes Os Doze Condenados (1967) e Os Guerreiros Pilantras (1970).

Com um elenco de importantes nomes, o roteirista e diretor teve a difícil tarefa de organizar o tempo de participação dos personagens. Como nos quadrinhos, alguns vilões seriam descartados no início. Mesmo com alguns personagens tendo pouco espaço, Gunn faz questão de aproveita-los ao máximo.

Foi um grande alívio ver todo o potencial de Amanda Waller, Arlequina e Rick Flag finalmente explorados nesse filme. Margot Robbie, por exemplo, tem suas melhores cenas como a vilã aqui. Se Gunn não contou com o astro Will Smith no papel do Pistoleiro, ele trouxe Idris Elba, que rouba a cena no papel do Sanguinário. John Cena, estrela em ascensão, faz do Pacificador um personagem interessante e com boas camadas a se explorar. E como já esperado, o diretor prepara o terreno para a transição do personagem na série da HBO Max que chegará em 2022.

Dos personagens novos, Tubarão-Rei e Caça-Ratos são os que mais chamam a atenção. Dublado de forma magistral por Sylvester Stallone, Tubarão-Rei parecia ser apenas um alívio cômico, mas ele demonstra ser mais que isso. O visual do personagem também está incrível, mostrando o carinho que James Gunn tem para criar essas criaturas. Daniela Melchior foi a grande surpresa de O Esquadrão Suicida. Mesmo se tratando de vilões responsáveis por vários crimes, a atriz portuguesa faz de Caça-Ratos uma personagem que cria uma conexão com o público quando seu passado é explorado. Além disso, a atriz é ótima e merecia mais tempo em tela. E vou além, uma série com Tubarão-Rei e Caça-Ratos me interessa muito mais hoje do que uma série com o Pacificador. Outro personagem que merece uma menção honrosa é Bolinha, vivido por David Dastmalchian.

O Esquadrão Suicida conta com ótimas cenas de ação. Destaque para a sequência de abertura que presta tributo aos filmes B de ação citados. Com um orçamento mais enxuto, Gunn opta por cenas mais práticas e com incríveis cenas de luta corpo a corpo.

Faltou um maior espaço envolvendo a ameaça de Starro e a ilha de Corto Maltese. Isso inclui a presença subaproveitada de Alice Braga, que interpreta uma guerrilheira que pretende derrubar a política ditadora da ilha. As resoluções encontradas no filme para a ilha são rasas, quando seria necessário dar mais contexto e desenvolver melhor os experimentos envolvendo o Starro.

O Esquadrão Suicida é um filme violento, sarcástico e com a marca da imprevisibilidade de James Gunn. Tudo é melhor aproveitado. Vilões sendo vilões, trilha sonora usada de forma eficiente e um recomeço para o bagunçado universo de filmes da DC. Apesar de não ser ambicioso, é o filme mais agradável e divertido desde o início do DCEU em 2013.

Nham Nham!

Ps: Há duas cenas pós-créditos. 

4

ÓTIMO

O Esquadrão Suicida é um filme violento, sarcástico e com a marca da imprevisibilidade de James Gunn. Tudo é melhor aproveitado. Vilões sendo vilões, trilha sonora usada de forma eficiente e um recomeço para o bagunçado universo de filmes da DC. Apesar de não ser ambicioso, é o filme mais agradável e divertido desde o início do DCEU em 2013.