Crítica | Resgate

Depois de dedicar os últimos anos para a Marvel Studios, os irmãos Russo retornam para produções menores.  Uma forma de recarregar as baterias depois de anos trabalhando pesado no encerramento da jornada Vingadores. O Resgate (Extraction) é um dos primeiros trabalhos dos irmãos, que chegou neste final de semana na Netflix.

Joe Russo escreveu o roteiro a partir da HQ Ciudad, escrita por ele e Andre Parks. O longa traz conhecidos nomes do universo Marvel. O primeiro é Sam Hargrave, coordenador dos dublês dos dois últimos filmes dos Vingadores, fazendo sua estreia na direção. O outro é Chris Hemsworth, o Thor do MCU, que assume o papel do mercenário Tyler Rake.

A trama é bem simples e já começa mostrando a sequência final com Tyler Rake gravemente ferido e cercado. Voltando meses antes, a narrativa mostra que Ovi, o filho de um dos chefes do crime indiano foi sequestrado por seu maior rival. O mafioso recorre a um grupo de mercenários encabeçado por Tyler para extrair o garoto com vida, garantindo uma boa recompensa. O trabalho difícil se torna mais perigoso quando o plano não sai como combinado e Tyler se encontra sozinho com o garoto no meio de um fogo cruzado.

Com sua equipe abatida, Tyler precisa lidar com toda a cidade querendo sua cabeça. Suas habilidades com armas e luta corpo a corpo vão apresentar semelhanças com John Wick, já que muitas sequências foram contínuas, incluindo uma com 12 minutos sem cortes. Sam Hargrave soube utilizar sua experiência como dublê dirigindo cenas empolgantes e frenéticas. São perseguições de carro, tiroteios e explosões com a câmera fixa, sem aquela tremedeira que Michael Bay adora fazer como no recente Esquadrão 6. A semelhança com John Wick está aí. Ambos os filmes foram comandados por diretores que iniciaram a carreira como dublês.

Ambientado em Daca, capital de Bangladesh, o longa utiliza com eficiência os cenários da cidade. Sempre povoado e apertado, a narrativa transmite a sensação de que Tyler está sempre com alguém na sua cola. Outro detalhe importante foi a escalação de um elenco local e falando a língua do país. Na maioria das vezes, é sempre atores com origem indiana falando inglês.

Falando no elenco, David Harbour (Stranger Things, Viúva Negra) faz uma participação pequena, mas importante no longa. Ele questiona a posição de Tyler se importar tanto com o garoto, um mero pacote de entrega para mercenários como ele. São um dos poucos momentos que o longa trabalha a personalidade fragilizada de Tyler. Com o resgate de Ovi, ele busca reparar alguns erros do passado.

O roteiro de Joe Russo estabelece que Tyler é um mercenário que começa a enfrentar as sequelas de uma vida que exige muito. A vida que Tyler escolheu o distanciou da família e um preço foi cobrado. Desde então, todo trabalho ele encara pronto para morrer. Chris Hemsworth desempenha o papel com extrema eficiência. Apesar de ficar conhecido pelo carisma e bom humor em outras produções, ele consegue exercer papeis dramáticos convincentes, o que já aconteceu em Vingadores: Ultimato, quando interpretou um Thor depressivo e perdido após a batalha contra Thanos.

Resgate é sem dúvidas o melhor filme de ação já feito pela Netflix. Uma narrativa simples, mas que entrega todos os requisitos que um filme do gênero exige. Um ótimo trabalho do diretor Sam Hargrave, que deixa um final aberto e poético sobre Tyler. Não se esqueçam da frase do garoto Ovi: “não é caindo no rio que se afoga, mas ficando submerso nele”. 

4

Ótimo

Resgate é sem dúvidas o melhor filme de ação já feito pela Netflix. Uma narrativa simples, mas que entrega todos os requisitos que um filme do gênero exige.

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