Crítica | Maria e João: O Conto das Bruxas

Toda criança já ouviu alguma vez o conto de João e Maria, que está em nosso imaginário como uma clássica história infantil. Mas o conto original criado pelos Irmãos Grimm é um terror para assustar as criancinhas. A visão do diretor Oz Perkins segue a linha assustadora e com mudanças que ocasionam em um novo frescor para o material original. Agora acompanhamos a história sob o olhar da protagonista Maria, vivida pela ótima Sophia Lillis, de It – A Coisa.

Maria e João: O Conto das Bruxas vai na maré dos novos filmes de terror, impulsionada pelos filmes de Robert Eggers, sendo mais ameaçador do que emocionante, mais sombrio do que violento, mais psicológico do que entretenimento.

Nesta versão, Maria é uma garota de 16 anos, que precisa cuidar do irmão João (Sammy Leakey), um garoto ingênuo de oito anos. Os dois precisam se virar depois que o pai morre e a mãe entra em luto deixando todos os afazeres nos ombros de Maria. Os irmãos se aventuram pela floresta em busca de alimentos e trabalho para ajudar a mãe.

Apesar do ritmo lento, o filme vai se tornando interessante graças a performance de Lillis. Sua Maria carrega uma habilidade que se revela no confuso terceiro ato. Desde o início da narrativa, a jovem demonstra uma maturidade precoce devido a morte do pai e o abandono da mãe. Com isso, ela precisa avaliar todas as possibilidades e os perigos que podem aparecer em seu caminho, já que ela não pode fracassar. Quando se depara com a assustadora Holda, vivida por Alice Krige, que os abriga em seu casebre com um lindo baquete, inicia um duelo silencioso e psicológico entre as duas. Maria sabe que Holda é um perigo, enquanto Holda acredita que os irmãos estão presos em sua gaiola, neste caso, o aconchegante casebre.

O roteiro escrito por Rob Hayes é eficiente quando estabelece os motivos da afeição da bruxa por crianças, quando sua maldição é explicada de forma consistente. Contudo, a narrativa não avança, o que resulta em um terceiro ato falho e mal estruturado.

Se o texto não flui da forma que precisava, o mesmo não se pode falar do trabalho técnico. O longa acerta em posicionar a câmera sempre na perspectiva das duas crianças, causando desconforto e desorientação quando estão caminhando pela floresta. A fotografia Galo Olivares é eficaz na forma como constrói a casa de Holda. As cores sempre no tom âmbar representam o acolhimento, que rapidamente cativam as crianças. Por outro lado, o  ambiente carrega um lado sombrio e misterioso.

Entre erros e acertos, Maria e João: O Conto das Bruxas é um longa sobre escolhas, sobre amadurecimento. A decisão final de Maria representa a liberdade de uma garota que foi privada de viver como criança normal. Não desejando que o mesmo aconteça com João, que pouco sabe do que aconteceu, ela escolhe o caminho árduo, mas necessário. Por fim, uma fábula sobre a defesa da inocência.

3

Bom

Maria e João: O Conto das Bruxas vai na maré dos novos filmes de terror, impulsionada pelos filmes de Robert Eggers, sendo mais ameaçador do que emocionante, mais sombrio do que violento, mais psicológico do que entretenimento.

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