O encerramento de um clássico contemporâneo. Assim podemos tratar o volume 2 de Senhor Milagre, escrito por Tom King (Visão – Eu também serei salvo pelo amor, O Xerife da Babilônia) e desenhado por Mitch Gerads. Esse volume reúne as edição 7 a 12 da minissérie americana.
Continuando a partir do volume 1, Orion foi morto por Darkseid, as forças de Nova Gênese estão cada vez mais acuadas. E ScottFree, o SenhorMilagre, vai ser pai. E aquelas misteriosas falhas na realidade estão se tornando cada vez mais comuns. E essa é só a primeira edição.
Cuidar do filho de Scott e da Grande Barda, o pequeno Jacob, vai ser difícil para o novo Pai Celestial. O casal vai precisar se dividir entre o que fica em casa cuidando da criança e quem lidera as tropas na guerra contra Apokolips.
Fundamental neste momento será a babá Funky Flashman, criado como uma paródia – bastante ofensiva – de Stan Lee, seria um empresário egocêntrico. Essa versão é bem mais amena, retratando Funky mais como um bufão. Conforme Jacob vai crescendo, eles brincam e imaginam histórias muito divertidas, com claras referências ao universo Marvel.
“Darkseid é“
Finalmente começam as conversas de paz entre Apokolips e Nova Gênese. E para isso vai uma comitiva da terra dos deuses até o planeta infernal. Lá, o Senhor Milagre e Kaliban começam a conferência, tentando encontrar pontos em comum. Até o próprio Darkseid intervir dizendo que quer se render, e seu único pedido é que seu neto seja levado para ser criado com ele. Darkseid quer a guarda de Jacob.
A genialidade do Senhor Milagre
Senhor Milagre é uma obra sobre inadequação. É claro, desde o início, que Scott Free não consegue saber o seu lugar no mundo. Tudo que ele faz é escapar, seja de Darkseid, de suas aventuras, ou de sua própria vida. Exceto quando está com Barda, ou depois com Jacob, ele nunca está confortável.
Essa é uma obra sobre depressão. Poderia ser qualquer um ali, mas foi escolhido justamente um super-herói que é um deus. Que se torna, no decorrer da história, um rei. E ainda assim, com uma família linda e feliz, ele não se sente feliz.
A maneira com que é retratada a relação pai e filho, entre Scott e Jacob, é sensacional. Mesmo passando por um momento tão difícil, sentimos o carinho que o pai tem pelo filho. A fascinação que ele percebe o crescimento do bebê, as primeiras palavras. O cuidado com o boneco do Batman, porque “o Batman mata bebês!“.
“Jacob” é uma clara homenagem ao criador do Senhor Milagre, Jack Kirby. Mais detalhes sobre essa criação estão na resenha do volume 1, já linkado. A relação do bebê com Funky, seu grande parceiro, é hilária. Eles ficam criando histórias juntos, em que Funky explica: “ele imagina, eu só escrevo“.
Esse é um dos quadrinhos mais fascinantes dos últimos tempos. Uma leitura obrigatória para todos os fãs de quadrinhos. O Senhor Milagre é tudo que comentavam quando saiu lá nos Estados Unidos.