Uma dimensão dos poderes reais do Monstro do Pântano. É isso que vemos em “O jardim das delícias terrenas“, edição dupla publicada originalmente em The Saga of the Swamp Thing #53 (outubro de 1986). O roteiro é de Alan Moore, com arte de John Totleben.
Em “Consequências naturais” o Monstro do Pântano foi bastante claro: ou libertam Abigail ou ele vai destruir Gotham City. Fez crescer a natureza do lugar, cercando a cidade e dificultando a entrada e saída. Muitos ficaram apavorados, criando barricadas, outros tiraram a roupa e foram viver como se estivessem no paraíso.
O Batman decide conversar com o Monstro, ambos lutam e obviamente que o Homem-Morcego não tem chance contra tamanho poder. Nem ele nem a cidade. É claro que há quem divirja, como por exemplo a IDD e Lex Luthor, que armam uma armadilha para explorar uma fraqueza que ele nem mesmo sabe que tem.
Convencido que sua cidade está em risco por causa de uma lei absurda e draconiana, o Batman vai falar com o prefeito. Enquanto ele quer defender a justiça e a legalidade, ele percebe que não é possível impedir o Monstro do Pântano, e que seu inimigo está se contendo e não fez nade de grave.
As peças estão nos seus lugares. A Saga do Monstro do Pântano vai dar uma guinada impressionante.
O legado de “O jardim das delícias terrenas”
Desde seu encontro com seus ancestrais em “O parlamento das árvores“, foi deixado implícito que o Monstro do Pântano possui poderes bem maiores do que sabíamos antes. É aqui que eles são revelados. Ele consegue controlar a natureza ao seu bel-prazer, criar novos corpos, aumentar de tamanho, controlar insetos devido ao polem…
A participação do Batman e do Lex Luthor na história é para mostrar o novo destaque do personagem no próprio universo da DC Comics. Ele não é mais um personagem atirado em um canto, em seu pântano e que ninguém dá bola. Não, ele é uma das principais estrelas. Colocar ele para lutar com dois personagens centrais é para admitir isso.
A reflexão de Alan Moore sobre uma sociedade livre das amarras sociais continua. Nesse novo paraíso terreno, todos festejam e ficam nus. Dois personagens antigos reaparecem, Chester William de “E o vento trouxe” e Wallace Monroe de “Notícias do Fuça-Radioativa“. São vários os momentos, mas o próprio Monstro do Pântano percebe:
“A cidade mudou… agora repleta de… maravilhas sutis. Do outro lado da rua… crianças colhem singelos lilases brancos… do toldo de um cinema pornográfico… e brincam de casamento desfilando solenemente… entre as árvores mudas”.
Muitos o recebem como um deus devido ao que ele pode fazer. Ainda assim, fica martelando em sua cabeça o aviso das Árvores Ancestrais: “Evite o poder”. Será que algo de bom pode surgir dessa demonstração de poder?
Próxima edição: As flores do romance