Guerras foram vencidas. Inimigos de toda sorte, aliens, demônios, vampiros, a própria escuridão, foram derrotados e expulsos. Galáxias foram cruzadas. E novamente o Monstro do Pântano está de volta com Abigail Cable nos pântanos do Bayou. “A volta do bom gumbo” (publicada originalmente em Swamp Thing #64, em setembro de 1987) narra o fim da odisseia dele. Também narra o fim da passagem de Alan Moore pelo título. A arte dessa edição é feita por Stephen Bissete, Tom Yeates, Rick Veitch e Alfredo Alcala.
Gene Labostrie trabalha no Bayou. Ele vê as mudanças causadas porque algo falta nos pântanos. Algo que todo dia parece cada vez mais distante.
“É como se o espírito houvesse deixado a terra. As crianças choram sem dar explicação. As árvores, envelhecidas precocemente por barbas epífitas, esperam rabugentas uma palavra de reconciliação que ninguém é capaz de enunciar. O sol cada dia parece menos disposto a começar sua íngreme escalada aos pináculos desassombrados do meio-dia,menos ansioso para expulsar dos pântanos a jusante da noite e cromar os filetes espelhados dos riachos.”
“Aonde foram aquelas belas tardes de acordeões? Aquelas noites de pesca ao lagostim? Foram fisgadas e levadas aos ares à força entre os dedos de uma garça? Ou derreteram para sempre e foram onde a fumaça vai? Se Labostrie pudesse se alçar acima do planeta e olhar abaixo, veria essa aflição se alastrando por toda a parte? Teriam euforia e doçura se sentido tão menosprezadas pelo mundo que se retiraram completamente de nossas vidas?”
“Como podemos nos redimir? O que nós precisaremos fazer até o destino, olhando de cima, sentir pena e resolver nos jogar de volta tudo que perdemos? Nosso amor. Nosso coração. O sentido da vida. As paixões da vida. Todas as belezas inesperadas da vida“.
Toda essa edição é reflexiva. Mostra o amor de Abby e do Monstro. Encerra vários ciclos que foram abertos desde o início. Termina o que começou com “Pontas soltas (reprise)“. A guerra foi vencida. Não existe mais inimigo ou algo a temer.
Mas depois de tudo que o Monstro do Pântano passou, ele pode ser o mesmo?
O legado de “O retorno do bom gumbo”
Alan Moore encerra a passagem dele refletindo sobre todos os acontecimentos e sobre o papel que o Monstro do Pântano deve desempenhar agora. Uma reflexão madura, que poucas vezes os heróis do mainstream fazem.
Afinal, ele é um deus. Ele mesmo admite isso enquanto medita. Poderia terminar com a fome do mundo, levar fartura a todos os lugares. Ele fez isso com Rann em “Mistério no espaço“, deveria fazer isso na Terra? E que direito ele teria de fazer isso?
O que importa é que o Monstro do Pântano está junto de Abby. Desde a batalha contra a Brujeria em “Revoada dos corvos” que isso não acontecia. Ambos percorreram longos caminhos. Como Labostrie – parecido de mais com o próprio Moore para não ser uma coincidência – fala:
“Laissez les bons temps rouler“