O Monstro do Pântano segue perdido no espaço. Mas agora ele tem uma direção, o planeta J586, cheio de arvores sencientes. Assim é “Toda carne é erva“, que aconteceu em Swamp Thing #61 (publicado originalmente em junho de 1987), mais uma história sensacional assinada por Alan Moore no roteiro e Rick Veitch e Alfredo Alcala na arte.
O que vemos em J586 é uma sociedade muito parecida com a humana, só que composta por vegetais que pensam, falam e se comportam de maneira muito semelhante a nossa sociedade. Como diferencial as casas e prédios também são compostas por entidades sencientes, que também falam e emitem julgamento. Vemos aqui uma oportunidade do Alan Moore em criticar um pouco a sociedade e seus comportamentos.
O Monstro do Pântano ouviu sobre J586 em Rann, de Adam Strange, em “Exilados“, como um lugar que pode ajudar em sua cura e retorno a Terra. Depois de sua estranha passagem em “Amor alienígena“, ele finalmente chega a esse misterioso planeta vegetal.
Até a chegada do Monstro do Pântano, que cria um corpo gigante composto pelos habitantes do planeta, fazendo com que todos se tornem um só, causando pânico geral. Isso não só o apavora, como também o povo, que passa a compartilhar a mesma mente. Eles se vêm como os outros vem eles, o que nem sempre é bom ou recomendável.
Quem muda a situação é o Lanterna Verde deste sistema, Medphyl. Ele vai para o resgate do povo, disposto a por de lado as dúvidas – tanto do povo quanto suas – para fazer seu trabalho.
O legado de “Toda carne é erva”
É bem óbvio que Alan Moore usou essa edição para mais uma crítica social, mostrando que não é porque as histórias não são mais de terror, e sim de ficção científica, e nem porque elas não se passam mais na Terra, não significa que elas não podem falar sobre nossa sociedade. Duvidas no casamento, na fé, no talento das pessoas. Todos somos vulneráveis e temos medo.
O próprio Medphyl, que se sente velho, solitário e sem confiança, mas que ainda assim precisa fazer seu trabalho, é ótimo. Como ele fica analisando a situação, tentando entender como fazer para parar o “horror” sem machucar inocentes, é ótimo.
Essa edição é uma das muitas provas que Alan Moore nos dá durante seu Monstro do Pântano. Em 20 e poucas páginas ele consegue fazer contos fechados que dizem muito, muito do que muitos quadrinistas fariam com bem mais páginas.
Próxima edição: Comprimento de onda