Alan Moore volta aos roteiros com uma das mais inovadoras edições de toda sua passagem. “Amor alienígena“, publicada originalmente em Swamp Thing #60 (março de 1987), fala sobre o encontro do Monstro do Pântano com uma criatura biomecânica inteligente e do tamanho de um planeta. A sensacional arte é de John Totleben.
Narrada em primeira pessoa, uma entidade faz parte de uma raça em que as fêmeas são do tamanho de planetas e esperam um macho para as inseminar com novas vidas, em que elas fazem a gestão e quando os filhotes estão na idade adulta, explodem para que eles viagem pelo espaço. E nossa narradora está esperando que apareça um macho de seu povo, e lidando com invasores de raças menores.
Eis que o Monstro do Pântano aparece. Ele é diferente de tudo, mas como faz um corpo da “vegetação” do planeta, se torna compatível a ela. Então ela o prende e usa para gerar seus filhotes. Ou como ela diz:
“Não sei se o que viu no tempo que passou comigo. Nem quanto compreendeu no que viu. Se ele entendeu que foi amado, entendeu o suficiente”.
O legado de “Amor alienígena”
Essa história é a de narrativa mais inovadora que Alan Moore escreveu em seu tempo no Monstro do Pântano. Narrada em primeira pessoa, sob a perspectiva de uma inteligência alienígena que combina elementos orgânicos e mecânicos. É uma pérola da ficção científica, que mostra o novo direcionamento que as histórias receberam desde “Jardim das delícias terrenas“.
A arte de John Totleben está fenomenal nessa edição. Ele consegue criar um cenário completamente alienígena. Composta apenas por splash pages, parece mais um conto ilustrado do que uma história em quadrinhos. Não possui balões ou quadros, só imagens e recordatórios com os pensamentos da narradora.
Narrada em primeira pessoa, representa o conto dessa nave/planeta/ser para suas crias, crias dela com o Monstro do Pântano, narrando a chegada dele ao planeta. Explica apenas o que precisa ser explicado sobre essa raça. A maneira com que ela fala sobre amor, sobre como tudo na vida é sexo e procriação. Como o objetivo dela é crescer, esperar que chegue um macho para inseminá-la, para ela gerar vida e depois explodir. É uma combinação de texto especialmente afiado de Alan Moore (que nem participou da edição anterior, “Reunião”) com a arte magnifica e bizarra de Totleben.
“Eu conhecia meu destino desde o início, como o da minha mãe antes do meu… um destino selado por amor. É uma verdade universal, conhecida pelo mais humilde protozoário: sexo é morte. Ambos são eternamente inextricáveis”.
Mesmo depois de dois anos com o personagem, Moore, Totleben e outros ainda mostram ânimo para inovar e tentar coisas novas. Essa guinada rumo a ficção científica mostra a capacidade de variar dos autores e como é possível contar novas e diferentes histórias com um personagem que já poderia ter se desgastado.
Próxima edição: Toda carne é erva