Depois de ler um livro grande e denso como Origem, de Dan Brown, senti que precisava de uma leitura mais fácil e rápida para relaxar. Na hora me lembrei de um livro que recebi da Editora Intrínseca, publicado em agosto desse ano e cujo título não me agradou muito. Não se espera muito de algo que se chame Os 27 Crushes de Molly, mas se existe algo que livros me provaram, é que não se pode julgá-los pela capa ou pelo título. Provavelmente não será o melhor livro que terei lido esse ano, mas definitivamente está entre os que recomendarei a qualquer um. E é por isso que o Ler é Bom, Vai! de hoje fala sobre ele!
“Molly já viveu muitas paixões, mas só dentro de sua cabeça. E foi assim que, aos dezessete anos, a menina acumulou vinte e seis crushes. Embora sua irmã gêmea, Cassie, viva dizendo que ela precisa ser mais corajosa, Molly não consegue suportar a possibilidade de levar um fora. Então age com muito cuidado. Como ela diz, garotas gordas sempre têm que ser cautelosas. Tudo muda quando Cassie começa a namorar Mina, e Molly pela primeira vez tem que lidar com uma solidão implacável e sentimentos muito conflitantes. Em Os 27 crushes de Molly , a perspicácia, a delicadeza e o senso de humor de Becky Albertalli nos conquistam mais uma vez, em uma história sobre amizade, amadurecimento e, claro, aquele friozinho na barriga que só um crush pode provocar.”
Escritora de “Simon vs. a Agenda Homo Sapiens”, Becky Albertalli conquistou o público jovem com sua escrita rápida e contemporânea. Através de palavras e referências, a autora chegou as livrarias com mais um sucesso e, felizmente, manteve suas características.
Como descrito na sinopse, a trama traz a vida de Molly Peskin-Suso, uma garota de 17 anos com sérios problemas de autoestima. Caso você reconheça o sobrenome, Molly é prima da Abby Suso que aparece no primeiro livro da autora. Devido a sua timidez e a falta de confiança por não estar “no peso ideal”, a menina nunca beijou ou namorou ninguém pelo medo de ser rejeitada. O resultado disso? 26 crushes platônicos acumulados ao longo da vida, onde nenhum deles chegou a saber dos sentimentos da menina. Desde irmãos de amigas a jovens desconhecidos, as paixões de Molly nunca saíram do papel, mas permanecem frescas em sua memória.
“O famoso discurso de Cassie: o fato de que eu tive vinte e seis crushes e zero beijos. Aparentemente é porque eu preciso der mais mulher. Se eu gostar de um cara, tenho que dizer isso para ele. Talvez no mundo de Cassie seja possível fazer isso e conseguir dar uns beijos. Mas não sei se funciona assim com garotas gordas.”
A vida pacata e sem emoções de Molly seguia seu caminho, até que sua irmã gêmea Cassie arruma uma namorada. Mesmo estando feliz pela irmã, a menina não consegue deixar de se sentir deixada de lado em algumas situações. Para tentar resolver os problemas, Cassie faz de tudo o que pode para juntar a irmã com um dos melhores amigos da namorada, um ruivo de estilo hipster chamado Will. Como resposta do destino, um colega de trabalho começa a fazer o coração de Molly bater mais forte e pela primeira vez na vida, ela começa a se perguntar se ele entrará para sua lista ou para sua vida.
Enquanto lia o livro, senti que estava em uma conversa com uma de minhas melhores amigas. A maneira como Becky constrói sua narrativa é tão natural e repleta de gírias e referências, que nos faz esquecer o fato de estarmos lendo um livro. Além disso, muitos padrões são desconstruídos na narrativa da autora, começando pelo ideal de beleza adotado pela personagem principal. Embora não deixe de viver sua vida por ser gordinha, Molly não consegue aceitar o fato de que algum garoto possa se interessar por ela. Quantas milhões de meninas espalhadas pelo mundo não tem um pensamento parecido? Ter algo abordado de maneira tão natural e divertida é extremamente importante, além de necessário.
Devido a modernidade de sua escrita, Becky faz com nos aproximemos muito de Molly e torçamos pra ela do início ao fim. Confesso que odiei a Cassie e não aguentava mais ver as vezes em que ela tentava sair ganhando em cima da irmã. Enquanto a protagonista é fofa, companheira e preocupada com os outros, a gêmea é egoísta, fútil e mimada. Cada vez que Molly discutia com a irmã, eu queria entrar nas páginas e defendê-la. Leitoras de todas as idades irão se identificar com ela, já tendo passado por situações similares ou até mesmo iguais as descritas na história. Sem falar que ter a palavra “crush” no título, por mais que me desagrade absurdamente, é um ótimo atrativo para o público mais novo.
” – Preciso de uma segunda opinião. Se você estivesse selecionando Abby para uma das casas de Hogwarts, para qual ela iria?
– Grifinória, é óbvio(…)
– (…) É, esse aqui e o namorado dele passaram duas horas discutindo se eu era da Grifiniória ou da Lupa-Lupa.
– Lupa-Lupa? – Simon cobre o rosto – Sério, não dá. Abby, você está passando vergonha.”