Admito que talvez o último filme da franquia Transformers que realmente me entreteve foi o spin-off do personagem Bumblebee, lançado em 2018. De lá para cá, foram feitas produções genéricas, que não conseguiram agradar nem aos fãs das animações clássicas, nem àqueles que conheceram esse universo pelos filmes dirigidos por Michael Bay.
Você pode gostar ou odiar os filmes comandados pelo diretor, mas o fato é que ele transformou a franquia Transformers. Seja pela forma com que a obra se comunicava com sua época, ou pelos bons efeitos especiais, é inegável a influência que a produção lançada em 2007 teve nos demais títulos. Contudo, após 17 anos, o sentimento predominante é o de que já foi extraído tudo de bom e de ruim que os live-actions poderiam oferecer, sem empolgar nem os fãs mais fiéis dos Autobots. A franquia acabou se tornando mais uma dentre várias produções genéricas. No entanto, com uma animação voltada ao público mais jovem, e ao mesmo tempo homenageando os fãs mais antigos, Transformers: O Início traz algo que os filmes anteriores não tinham: coração.
A nostalgia pode ser uma armadilha perigosa, pois muitas vezes é usada para disfarçar erros técnicos. Em outros casos, ela serve para potencializar um filme que, por si só, já é bom. No caso desta prequel, o que predomina é o segundo cenário. Ao apostar em uma animação que explora as complexidades visuais desse universo, o resultado final é uma obra que entende seus objetivos e limitações.
O filme, dirigido por Josh Cooley, desde os primeiros minutos deixa clara a intenção de se afastar de qualquer semelhança visual ou narrativa com as produções anteriores. Tudo é muito bem apresentado e reformulado, desde os principais fundamentos que regem os personagens até sua estrutura narrativa. Esta história se configura como a principal base de origem para o universo de Transformers.
A trama é simples, previsível e, em certo momento, arrastada. Ainda assim, é uma aventura divertida de acompanhar, com diversos momentos empolgantes, mesmo contendo cenas que poderiam ter sido resolvidas com mais fluidez. Isso se deve à qualidade da animação, que, apesar de não ser revolucionária, é funcional para a proposta e agradável de assistir.
A decisão de fazer dessa nova história uma animação foi, sem dúvida, a escolha mais acertada do estúdio. Uma das várias reclamações dos fãs (incluindo eu) era a presença excessiva de personagens humanos, que muitas vezes pareciam ter mais protagonismo do que os robôs. Outro ponto importante era a necessidade de uma adaptação fiel de Cybertron, que, por sua escala, seria muito difícil de se adaptar em live-action. As animações abrem portas para explorar ideias mais “grandiosas”, e é exatamente isso que ocorre em Transformers: O Início.
Nesta prequela, acompanhamos versões mais jovens de Orion Pax/Optimus Prime (Chris Hemsworth/Mauro Horta) e D-16/Megatron (Brian Tyree Henry/Romulo Estrela), que eram melhores amigos e mineradores em Cybertron. Após descobrirem uma pista sobre a localização da Matriz de Liderança, perdida há muito tempo, eles se juntam a Elita-1 (Scarlett Johansson/Camila Queiroz) e Bumblebee (Keegan-Michael Key/Marcus Eni) para embarcar em uma aventura que mudará o destino de seu mundo e, principalmente, de velhas amizades.
Como mencionado, a história é previsível e, em muitos momentos, expositiva, principalmente por conta dos diálogos rasos e explicativos. No entanto, tudo isso é perdoável, pois, apesar dos pesares, o filme sabe montar uma narrativa que prende do início ao fim, sendo o que mais importava: divertida. Isso já seria suficiente, mas vale ressaltar como esta prequel consegue descomplicar uma mitologia complexa, deixando claro o essencial que precisávamos para aproveitar a trama.
Admito que, em certo momento, me vi completamente arrepiado e empolgado com Transformers: O Início. Era como se eu tivesse voltado a ser uma criança, maravilhado com robôs gigantes lutando e com tudo o que acontecia na tela. Foi com essa sensação que percebi que o filme havia cumprido sua missão com sucesso. Depois de anos, estava me divertindo no cinema assistindo Optimus Prime e seus companheiros.
Portanto, esta é, com certeza, a história que muitos fãs aguardavam e vão se empolgar ao ver seus robôs de brinquedo ganharem um filme que os homenageia e reconhece sua importância para tantas pessoas. Mesmo que eu tenha sentido falta de um Linkin Park na trilha sonora (brincadeira… ou nem tanto), é ótimo ver que este universo tem potencial para futuras sequências. Assim, todos esses elementos fazem de Transformers: O Início um motor mais potente e promissor para uma franquia que já parecia estar parando.
Transformers: O Início chega aos cinemas em 25 de setembro de 2024, com distribuição da Paramount Pictures.
Bom
Com uma proposta de homenagear os fãs, e atingir um novo público, Transformers: O Início é a estrada perfeita para a franquia trilhar.