Madame Durocher Madame Durocher

Madame Durocher | Crítica

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Madame Durocher, dirigido por Dida Andrade e Andradina Azevedo e com roteiro e produção de Rita Buzzar e João Segall, conta a história de Marie Josephine Mathilde Durocher, primeira mulher a obter o título de parteira da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e a primeira mulher a ser reconhecida como membro da Academia Nacional de Medicina no Brasil do século XIX.

Na cinebiografia, conhecemos Marie Durocher (Jeanne Boudier) ainda jovem e vivendo com sua mãe, Anne (Marie-Josée Croze), na primeira metade do século XIX. Certa noite, uma mulher escravizada grávida bate à porta pedindo ajuda e o médico Dr. Joaquim (André Ramiro) é chamado para realizar o parto. Ao perceber as dores daquela mulher, Marie resolve ajudar e naquele momento descobre sua vocação.

Após a morte de sua mãe e de seu marido, Marie Durocher se vê sozinha no mundo com um filho para criar. Então, resolve ingressar no curso de parteira, já que houve uma alteração da lei que passou a permitir mulheres na Faculdade de Medicina. O Dr. Joaquim a apoia, mas é o único. Seus colegas de classe e outros professores não acreditam que uma mulher tenha capacidade para exercer medicina. Já Durocher acredita que o fato se ser mulher a aproxima das outras mulheres.

Por conta dos preconceitos sofridos nas mãos de seus colegas, Marie Durocher corta os cabelos e passa a usar roupas masculinas – uma tentativa de conseguir mais respeito. É claro, isso apenas faz com que ela cause ainda mais polêmica na sociedade. Ainda assim, é dessa forma que ela escolhe viver e de certa forma isso fez com que ela se tornasse uma figura conhecida.

Mesmo com os desafios, ela realizou partos e cuida das mulheres por anos e obteve prestígio na profissão. E não apenas isso, ela atendeu pobres, escravas e qualquer outra pessoa que os médicos costumavam evitar, indo na contramão do conservadorismo da época e desafiando as normas impostas pela sociedade. Acompanhamos a vida de Durocher até a meia-idade (sua versão mais velha é interpretada por Sandra Corveloni), sempre com muita disposição para ajudar a salvar vidas e cada vez mais firme para seguir com seus propósitos.

O filme, que traz uma visão dos dias atuais, escancara o machismo e preconceito da época, ainda que o faça de forma superficial e até mesmo caricata em alguns momentos. Mas ao nos colocar no centro de todos esses problemas do passado, nos mostra que Madame Durocher foi uma mulher realmente a frente de seu tempo. Além disso, sua história não é amplamente conhecida pelo público, então uma cinebiografia pode ajudar as pessoas a conhecerem essa figura tão emblemática.

Madame Durocher é uma produção da Nexus Cinema, com coprodução Claro e SPCine e distribuição da Elo Studios e Sony Pictures International Productions. O filme terá sua estreia nacional como parte da programação do Festival Varilux de Cinema Francês, marcado para acontecer entre 7 e 20 de novembro, em todo o Brasil.

3

Bom

Ainda que aborde alguns temas relevantes de forma superficial, Madame Durocher consegue levar ao público uma história relevante, sobre uma mulher que rompeu paradigmas e marcou a medicina brasileira.