O curta-metragem Amarela, que disputou a Palma de Ouro de Melhor Curta-Metragem 77º Festival de Cannes, foi selecionado para a mostra competitiva Short Cuts do TIFF – Toronto International Film Festival.Escrito e dirigido por André Hayato Saito e produzido por Mayra Faour Auad e Gabrielle Auad (MyMama Entertainment), o filme disputa com outras 40 produções o IMDbPro Short Cuts Awards for Best Film, a maior premiação da categoria no festival.
“Houve um momento na jornada de ‘Amarela’, um filme que oferece uma visão tão íntima da comunidade asiática no Brasil, em que nos perguntamos se ele teria o mesmo impacto para pessoas não amarelas. Mas, como me disse uma vez a cineasta nipo-brasileira Tizuka Yamazaki: ‘Os segredos da alma são universais’. Por isso, estar no TIFF, logo após nossa passagem por Cannes, é uma alegria imensa. Estamos celebrando a oportunidade de mostrar, em um festival tão icônico, o poder das narrativas que rompem com os estereótipos e enriquecem a visão do que significa ser brasileiro — um mosaico de identidades que merece ser visto, reconhecido e valorizado”, explica o diretor.
O filme, único representante brasileiro no Short Cuts, integra o Programa 1 de curta-metragens do festival e será exibido em três ocasiões, sempre no Scotiabank Theatre Toronto:
05/09/2024 – 7:45PM (horário local)
06/09/2024 – 1:30PM (horário local)
12/09/2024 – 5:45PM (horário local)
São Paulo, julho de 1998. No dia da final da Copa do Mundo contra a França, Erika Oguihara (Melissa Uehara), de 14 anos, uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa, está ansiosa para comemorar um título mundial pelo seu país. Em meio a tensão que progride durante a partida, Erika sofre com uma violência que parece invisível e adentra em um mar doloroso de sentimentos.
“Sempre me senti japonês demais pra ser brasileiro e brasileiro demais pra ser japonês. A busca por uma identidade que habita o entrelugar se tornou a parte mais sólida de quem eu sou. Amarela é uma ferida aberta não só do povo Nipo-Brasileiro, mas de todos os filhos das diásporas ao redor do globo que se conectam a esse sentimento de serem estrangeiros no próprio país. Erika, a protagonista, representa o desejo de encontrar nosso lugar no mundo“, comenta Saito. Outro fato celebrado pelo autor é o de ter composto uma equipe e elenco majoritariamente amarelos, acontecimento raro no audiovisual brasileiro.
Amarela é a terceira parte da trilogia de curtas da MyMama com o Saito que investiga sua ancestralidade japonesa a partir de um olhar autoral e íntimo. Tal busca identitária teve início com o curta-metragem Kokoro to Kokoro, que abordou os laços de amizade entre sua avó paterna e sua melhor amiga japonesa.
A trilogia seguiu com Vento Dourado, obra que tem como personagem principal sua avó materna, Haruko Hirata, que aos 94 anos se encontra no limiar do existir. O cineasta explora a relação entre as gerações em um ensaio sobre a morte e a convivência íntima da matriarca com sua filha Sumiko, sua cuidadora por 18 anos. O curta fez sua estreia em abril deste ano no histórico 46º Festival Internacional de Cinema de Moscou e terá sua estreia europeia no 31º Sheffield DocFest, que acontece em junho de 2024.
Amarela, produzido por uma equipe majoritariamente brasileira com ascendência asiática, será o ponto de partida para o primeiro longa-metragem do diretor, Crisântemo Amarelo, projeto que sintetiza a trilogia e está em processo de captação. Todos os filmes são produzidos pela MyMama Entertainment.