Abraço de Mãe Abraço de Mãe

Abraço de Mãe | Crítica

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Em Abraço de Mãe, novo filme de Cristian Ponce (Historia de lo Oculto), conhecemos Ana quando criança e são dadas as primeiras dicas de que sua mãe quer fazer mal a ela e de que está drogando a garota. Elas vão até a famosa Boneca Eva, atração na qual é possível visitar o corpo humano por dentro. Lá, Ana tem uma visão perturbadora com um feto, talvez o toque de bizarrice seja apenas alucinação causada pelos remédios, mas serve como uma insinuação dos traumas profundos que Ana carregará para a vida adulta. Então, vemos a dupla vivenciar um incêndio devastador em casa. Esses flashbacks retornam a todo momento no filme, já que os desafios do presente de Ana (Marjorie Estiano) também são uma forma de enfrentar seu passado.

Então vamos para o presente. O filme se passa em apenas uma noite no ano de 1996, durante uma das piores tempestades que já atingiram o Rio de Janeiro. Ana, agora uma jovem bombeira que acabou de retornar ao trabalho após após congelar durante uma tentativa de resgate no mesmo dia da morte de sua mãe, e sua equipe formada por Dias (Val Perré), Roque (Reynaldo Machado) e Mourão (Rafael Canedo), foram chamados para ajudar um asilo que corre risco de desabamento.

Nenhum dos funcionários — incluindo a proprietária idosa Drica (Ângela Rebelo) e o gerente Ulisses (Javier Drolas) — nem os moradores aparentemente silenciosos pediram ajuda, no entanto, e eles deixam claro que não desejam ser evacuados, exceto por uma jovem assustada chamada Lia (Maria Volpe).

Então, coisas estranhas começam a acontecer na velha casa, que já parecia bastante sinistra desde o início. Ana precisa lidar com o comportamento cada vez mais bizarro de sua própria equipe e dos moradores do asilo. Ela percebe que os internos desse local não são tão inocentes quanto parecem à primeira vista. Como se não bastasse, algo começa a deslizar pela água que entra na casa, indicando a presença de um monstro lovecraftiano no local.

O longa não necessariamente se concentra em um terror repleto de sangue, mas cria uma crescente sensação de pavor e de paranoia, misturando elementos de culto, que levam a uma situação bastante complicada para Ana no terceiro ato. O roteiro de Cristian Ponce com Gabriela Capello e André Pereira, constrói tensão habilmente, dando aos espectadores pistas desde o início sobre o que pode estar acontecendo enquanto conduz as coisas para seu final inesperado. Porém, talvez peque um pouco ao tentar colocar muitos elementos clássicos do terror em uma única história.

Marjorie Estiano, que tem se consolidado como uma das queridinha do novo terror brasileiro (ela também esteve em As Boas Maneiras e Enterre Seus Mortos) faz um ótimo trabalho como Ana, uma mulher que sofre danos psicológicos e emocionais por conta de um passado conturbado, que é cheia de memórias reprimidas e traumas não resolvidos, mas que também é forte e equilibrada em momentos de grave perigo. Ela é uma atriz que consegue das credibilidade até aos momentos mais absurdos.

Abraço de Mãe chega ao catálogo da Netflix em 23 de outubro de 2024.

3

Bom

Com atuação impecável de Marjorie Estiano, Abraço de Mãe, constrói uma atmosfera perturbadora usando o Rio de Janeiro da década de 1990 como cenário, mas ao mesmo tempo se utiliza de muitos clichês do terror ao construir sua narrativa.