Ler é Bom, Vai | Criaturas Estranhas, de Neil Gaiman

Nunca fiz questão de esconder meu favoritismo e amor por Neil Gaiman. Embora não seja meu autor favorito, certamente se encontra entre eles. Criaturas Estranhas, publicado pela Editora Fantástica Rocco, sempre esteve na lista de desejados para leitura. Felizmente pude enfim conhecer os diversos contos escritos e selecionados por Gaiman. Algumas foram escritas há mais de cem anos, enquanto outras nunca haviam sido contadas anteriormente. Gaiman selecionou algumas, mas não escreveu todas. Além do auto, muitos outros assinaram os contos, como Anthony Boucher. Mas acima de tudo, o que temos é um apanhado de tramas de excelente qualidade, variando do terror a mais pura fantasia. Criaturas Estranhas chegou para aumentar ainda mais meu amor por Neil Gaiman. E por isso, inclusive, que está hoje no Ler é Bom, Vai! 

Sinopse

Dezesseis histórias fantásticas, algumas escritas há mais de cem anos, outras inéditas, selecionadas por ninguém menos que o aclamado autor de Coraline e outros tantos sucessos, Neil Gaiman. Como o título sugere, Criaturas estranhas é uma coletânea de contos povoada por seres fantásticos, magníficos e às vezes assustadores. Assinadas por autores clássicos de ficção científica e fantasia, as histórias, que parecem ter saído de um sonho, ou talvez de um pesadelo, têm em comum o olhar atento e único de Neil Gaiman para o insólito. Cada conto é precedido de um comentário do escritor, que visa a provocar ainda mais a imaginação do leitor.

Criaturas Estranhas

Embora seja fã de Neil Gaiman, fiquei receosa quanto a Criaturas Estranhas. Uma das características do autor que mais me agrada é sua capacidade de interligar um capítulo ao outro. A rede de informações presente em seus livros é única, recheada de detalhes e conteúdos exuberantes. Por trazer a história de doze contos diferentes, tive medo que Criaturas Estranhas não vingasse. Conforme fui passando os olhos através dos capítulos, descobri mais uma vertente do autor que me agrada: sua capacidade para escolher contos. Minuciosamente selecionadas, as histórias compõe o livro de maneira exata. Ao final, dão a impressão de que nasceram para serem reunidas em um único exemplar.

Criaturas Estranhas
Divulgação/Editora Fantástica Rocco

As Vespas Cartógrafas e as Abelhas Anarquistas

Escrito por Lily Yu, não sei ao certo se gostei desse conto como o primeiro. É provável que tenha sido um dos meus menos favoritos, principalmente por começar com o pé esquerdo. Fiquei confusa ao saber o que a história hierárquica de uma colmeia estaria fazendo ali. Ao final, não estamos diante de um material ruim apenas aleatório.

O Grifo e o Cônego Menor

Frank R. Stockton me deu a sensação de estar jogando um jogo de tabuleiro. Divertido e dinâmico, tal história é destinada a todas as idades. A trama traz um Grifo, segue sua trajetória rumo a uma igreja, cuja cúpula tem uma estátua bastante curiosa esculpida.

Ozioma, A Maligna

Ozioma tem a habilidade de falar com as cobras, e tal habilidade se torna necessária quando uma serpente gigante desce dos céus. Escrito por Nnedi Okorafor, não é dos melhores contos de Criaturas Estranhas.

Pássaro do Sol

Inegavelmente, esse foi meu conto favorito de Criaturas Estranhas. Perdoem-me pelo clichê, uma vez que tal história foi escrita por Neil Gaiman. Os elementos já mencionados sobre o autor estão todos ali: sua capacidade de entrelaçar uma trama, criar detalhes e muitos outros.

O Sábio de Theare

Diane Wynne Jones nos deu um presente com sua história. Para mim, o único defeito está no fato de que é curta e não componente de um livro único. Sem spoilers nessa aqui, vale a pena descobri-la sozinhos.

Gabriel-Ernest 

H.H. Munro compõe sua parte em Criaturas Estranhas sob o pseudônimo de Saki. O que dizer de um conto que foi escrito em 1909, que trata sobre lobisomens e que consegue não o fazer de maneira clichê? Não é uma trama que será agradável a todos, mas caso saiba aproveitá-la, é um prato cheio para a imaginação.

O Cacatucano; ou, a Tia-Avó Willoughby

Um conto para fã nenhum de fábulas botar defeito. E. Nesbit trouxe a história fantástica para Criaturas Estranhas que menos parece estranha. É provável que você pegue alguma referência a uma certa fábula de Lewis Carroll, mas qualquer semelhança é mera coincidência.

Alice

O Mal Também se Levanta

Com um título desse, já me preparei para levar algum susto. Mas Maria Dahvana Headley deixou o mal para o título. Ela criou uma história muito boa, mesmo que curta.

O Voo do Cavalo 

Demorado, o conto de Larry Niven em Criaturas Estranhas demorou para me prender. Embora tenha um desfecho agradável, a história de  Svets não me prendeu. Ele vive em um tempo diferente, onde animais foram extintos e a forma de governar é um pouco exótica. Ele é enviado para procurar um cavalo, e sua jornada começa.

Prismática 

Contado por Samuel R. Delany, é um dos contos que nos faz saber que esse livro é mesmo maravilhoso. Confesso que desejei ver a história de Prismática em uma tela de cinema. Centralizada em Amos, um homem paupérrimo, ela traz a busca dele por uma melhor condição. Quando um homem cinza entra em uma taverna e lhe oferece jóias por um serviço, ele aceita sem pensar. Mas será que fez o certo?

A Manticora, a Sereia e Eu

Conforme fui me aproximando dos contos finais, tive um certo sentimento de tristeza por estar acabando. Entretanto, ao ler o título do conto de Megan Kurashige, sabia que iria devorá-lo. Sou fã de criaturas mitológicas, então saber que leria algo falando sobre uma sereia e uma manticora foi motivador. A protagonista aqui não tem nome, mas é destemida. Ela decide visitar um museu de história natural com o amigo, e descobre estranhos animais em exposição.

O Lobisomem Cabal 

Enfim cheguei ao conto de Anthony Boucher em Criaturas Estranhas. Mesmo que eu não conheça o trabalho do autor, sua reputação o persegue. Boucher não me agradou logo de cara, porém, conforme as páginas iam passando, encontrei a magia ali. Ainda não sei ao certo o que li, mas sei que gostei.

O Sorriso no Rosto 

Nalo Hopkinson escreveu a história mais bonita e inocente do conto em minha opinião. Não pense, contudo, que isso a torne boba, pelo contrário. Foi a trama de Criaturas Estranhas que mais mexeu com meu psicológico. Gilla, a protagonista, sofre uma grande transformação ao comer uma cereja com caroço em seu quintal. O pequeno incidente tinha tudo para seguir a diante, mas mudanças começam a acontecer.

Ou Todos os Mares com Ostras 

Depois de ler o conto anterior, Avram Davidson precisava de algo extraordinário para me fazer superá-lo. Infelizmente não foi dessa vez. Sua história demorou a passar e nã consegui encontrar um ritmo para me motivar a lê-la.

Venha, Dona Morte

Enfim chegamos ao último conto de Criaturas Estranhas. Peter S. Beagle foi o escolhido para assinar a última etapa de um livro recheado de detalhes e tramas novas. Mesmo que não tenha sido genial, foi uma ótima maneira de encerrar o livro. Não sei se foi proposital encerrar a trama com um assunto como morte, mas caiu como uma luva.

Criaturas Estranhas
Divulgação/Editora Fantástica Rocco

 

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