Crítica | Crise nas Infinitas Terras

Desde o primeiro crossover que a CW proporcionou dos heróis da DC, com apenas Arqueiro Verde e Flash, já havia mostras de que a emissora sabia do terreno que estava pisando. Mesmo com as séries sendo direcionadas para o público juvenil, a união dos heróis foi chamando a atenção do púbico mais velho, que lá nos anos 80 e 90 acompanhava a Liga da Justiça e outros heróis participando das aventuras do outro nos quadrinhos. A cada crossover, a expectativa foi só aumentando. Eis que em dezembro de 2018, a CW confirmou que Crise nas Infinitas das Terras seria o próximo evento do Arrowverse, com a promessa de ser o maior crossover da história da televisão.

SPOILERS!!!

Uma palavra que pode definir o especial dividido em cinco episódios é coragem. Afinal de contas, Greg Berlanti e companhia mexeram com muitos universos do cinema e TV da DC nos últimos 50, 60 anos. Há o equilíbrio entre proporcionar o fan service e inserir aquela participação especial como parte importante da narrativa. Por fim, há um sentimento de nostalgia e do trabalho bem feito com as presenças de Burt Ward, o Menino Prodígio da série clássica do Batman e Robin, Robert Whul, o jornalista Alexander Knox no Batman de Tim Burton, e Tom Welling, de Smallville, e Brandon Routh, o Ray Palmer de Legends of Tomorrow, que reprisa o papel de Superman: O Retorno em 2006. Ainda há algumas surpresas escondidas a sete chaves como a participação de Ezra Miller, o Flash do DCEU, comprovando que a DC no cinema e TV estão em sintonia. Há outras significantes participações como Lucifer e Titãs, que pertencem a serviços de streaming e nunca alguém imaginou que as séries pudessem fazer parte do Arrowverse.

A trama de Crise nas Infinitas Terras segue o mesmo tom do arco dos quadrinhos escrito por Marv Wolfman e desenhada por George Perez em 1985. O vilão Anti-Monitor deseja eliminar todas as Terras do multiverso. Arqueiro Verde, The Flash, Supergirl, Batwoman, Legends of Tomorrow, Raio Negro, Superman e até Lex Luthor precisam formar uma aliança para impedir a ameaça. No entanto, eles precisam viajar pelas outras Terras e contar com a ajuda de suas versões alternativas.

The Flash foi a responsável por apresentar o conceito do multiverso. Muitos episódios da série do velocista foram destinadas a explicar os conceitos mais complexos, com direito a muitas piadas e referências à cultura pop de Cisco Ramon. Para quem caiu de paraquedas neste especial, há uma explicação bem básica, mas convincente. O roteiro dos cinco episódios fogem do novelão, focando na ameaça e no destino de Oliver Queen, o ponto central da narrativa. É a última participação de Stephen Amell no crossover e a última temporada de Arrow na TV. O ator entrega sua melhor performance como Ollie, assumindo o papel de mentor dos outros heróis. O diálogo final com Barry Allen é um dos mais bonitos de todo o especial. Enquanto as atuações sempre ficaram em segundo plano, Crise nas Infinitas Terras promoveu surpresas agradáveis. Brandon Routh, criticado pela interpretação robótica de Superman O Retorno, vive uma versão do herói de Reino do Amanhã que parece ter saído das páginas dos quadrinhos. Há um diálogo específico que exalta a importância do Homem de Aço, o conceito de heroísmo que falta na atual versão do cinema. Tyler Hoechlin também exibe uma competente performance, interpretando a versão mais clássica do Superman. Seu Clark Kent é carismático e esperançoso. Porém, a decepção ficou com Tom Welling, que volta a interpretar Clark depois do fim de Smallville em 2011. Sua participação ao lado de Erica Durance (Lois Lane) não tem sintonia com a história, servindo mais como um fan service barato e forçado. Outra participação falha é Ryan Choi (Orsic Chau), o futuro Átomo II. Seu potencial é pouco explorado, atrapalhando mais do que ajudando os heróis.

Bruce Wayne pela primeira vez dá suas caras no Arrowverse. Vivido por Kevin Conroy, a voz do Homem Morcego nas animações e nos games, acompanhamos a versão do Batman do Reino do Amanhã. A participação é importante em mostrar o outro lado da moda para Kate Kane (Ruby Rose), a Batwoman. Ela jamais pode se deixar consumir pelo ódio, porque vai acabar como Bruce Wayne desta versão alternativa – isolado e sem esperança.

Mesmo com a presença de três Supermen e Batman, o especial abre espaço para as heroínas, alguma delas presentes desde o início da era dos crossovers. Canário Branco (Caity Lotz) e Supergirl (Melissa Benoist) assumem as rédeas, sendo por muitas vezes o equilíbrio emocional da equipe. Supergirl, por exemplo, deve assumir uma liderança ainda maior nas próximas temporadas.

Com o orçamento limitado da TV, a CW fez o melhor possível nas sequências de ação. A luta dos Homens de Aço de Brandon Routh e Tyler Hoechlin tem lá suas falhas em CGI, mas o resultado final é de nostalgia. Além disso, a cena é bem conduzida como muitas outras de ação. Mesmo com o pouco que tinham em mãos, foram capazes de entregar momentos empolgantes.

Os cinco episódios terminam com a lição de que há sempre esperança nos tempos mais sombrios. Mesmo com a perda de Oliver Queen, ele deixou o legado de heroísmo para seus companheiros: o nascimento da Liga da Justiça.

Com Crise nas Infinitas Terras, a CW mostrou ser muito mais ambiciosa que a dona Warner no DCEU. Ainda fez o favor de arrumar o universo compartilhado, unificando de vez o Cinema e TV. Multiverso está no ponto para continuar nas telonas.

Vale lembrar que o especial será exibido na Warner Channel em dois domingos, 19 e 26 de janeiro, a partir das 22h25. Contudo, a emissora cometeu o erro gravíssimo de exibir Crise nas Infinitas Terras sem o episódio de Batwoman, que ainda não chegou em território brasileiro.

4

Ótimo

Com Crise nas Infinitas Terras, a CW mostrou ser muito mais ambiciosa que a dona Warner no DCEU. Ainda fez o favor de arrumar o universo compartilhado, unificando de vez o Cinema e TV. Multiverso está no ponto para continuar nas telonas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *