Uma viagem psicodélica e seu resultado em pessoas diferentes. Esse é o mote de “E o vento trouxe” (publicada originalmente em The Saga of the Swamp Thing #43, em dezembro de 1985), escrita por Alan Moore e desenhada por Stan Woch e Ron Randall. É, provavelmente, uma das histórias que menos aparecem o Monstro do Pântano.
Retomando o conceito aplicado em “Ritos de primavera“, que os frutos que nascem no Monstro do Pântano possuem propriedades alucinógenas, um hippie chamado Chester encontra um deles e leva para casa, para estudar. Descobre que é possível que ele tenha essa capacidade de “dar um barato”.
Antes que ele decida provar ou não, recebe duas visitas. Uma é de Dave, cuja esposa Sandie está com câncer em estado terminal. Ele pergunta se Chester possui alguma droga, para facilitar sua jornada. Tudo que ele tem é o fruto do Monstro do Pântano, então ele dá um pedaço.
Outro que chega é Milos, um tipo mau encarado. Ele procura Chester para conseguir drogas. Intimidado e sem nada a oferecer, ele dá outro pedaço do fruto.
É aí que a coisa fica interessante. Tanto Sandie quanto Milo, depois de provarem a droga, começam a alucinar, mas de uma maneira completamente diferente.
A viagem de Sandie é pacífica. Ela se conecta ao mundo, de uma maneira semelhante a Abigail. Ela vê a beleza do mundo, como tudo é lindo e está conectado. Isso faz com que sua partida seja tranquila. Dave acaba recebendo um pouco disso também.
Milo, por outro lado, começa a ver monstros em todos os lugares. Todas as pessoas assumem aspectos de monstros de filmes de terror clássico, como aqueles da Hammer. Ele próprio assume a imagem do Monstro do Pântano, e por vezes acha que é Alec Holland. Seu final é trágico.
O legado de “e o vento trouxe”
Em seu Gótico Americano, é óbvio que Alan Moore precisaria falar sobre drogas. Essa crítica que ele escreve, ao invés do clássico “não use, drogas são do mal” é um interessante estudo, livre de preconceitos, sobre as reações que as drogas causam. Como já usou drogas anteriormente, seria hipocrisia ele usar clássicos chavões de guerra as drogas.
Essa série de críticas foram racismo em “Mudança sulistas“, machismo em “A maldição“, energia nuclear em “Notícias do Fuça-radioativa“. Essa sequência é muito esclarecedora sobre a situação dos Estados Unidos na época, ou pelo menos a maneira que Alan Moore a via.
A história termina com uma excelente reflexão sobre o bem e o mal dentro de cada um. Chester fica em dúvida se deve ou não tomar a droga. Afinal, ele é uma boa pessoa ou não? Quem pode responder isso? Vale o risco?
Próxima edição: Bichos-papões