Os mortos se levantam no cemitério de Robertaland. E eles vão intervir no que está acontecendo no casarão Jackson. Essa é a premissa de “Estranhos frutos“, (publicada originalmente em The Saga of the Swamp Thing #42, em novembro de 1985) capítulo da Saga do Monstro do Pântano. Roteiro de Alan Moore, arte de Stephen Bissette, John Totleben e Ron Randall.
Conforme aconteceu em “Mudança sulista“, a novela que está sendo gravada no casarão Jackson acordou os espíritos que moram ali. O Monstro do Pântano e Abigail Cable também decidem verificar o que acontece. Essa força é tão grande que passou pelas proteções místicas e despertou o cemitério de escravos da propriedade, que vem assistir a história se repetindo novamente.
Os atores foram inteiramente consumidos por seus personagens e estão reeditando a história do passado. Será que o Monstro do Pântano tem poder de impedir a tragédia de acontecer?
O legado de “Estranhos frutos”
Alan Moore não se contém ao falar sobre o racismo nos Estados Unidos. Zumbis que se erguem de um cemitério de escravos para destruírem uma mansão de senhores de engenho é uma imagem poderosa. Mesmo séculos depois, certas feridas não podem ser curadas. E o aparecimento de zumbis mais jovem, sinalizando que o cemitério é eventualmente usado até hoje por pessoas com menos posses – também negros – prova que as coisas não mudaram tanto assim.
Outro fato digno de nota é que os três atores: Angela, Richard e Billy se tornaram seus “opostos”: ela uma racista que vira amante de um negro, o liberal que vira senhor de escravos e o negro militante que vira um escravo. Não é possível deixar de apontar que Richard é justamente o personagem que mais se torna possuído pela casa. Uma crítica de Alan Moore a liberais que o são só da boca para fora? Muito provavelmente.
Com seu início em “Padrões de crescimento“, passando por “Águas paradas” e depois “A maldição“, no gótico americano Alan Moore vem falando sobre os Estados Unidos. Ainda faltam mais uns capítulos para essa saga.
Próxima edição: E o vento trouxe