Maximiliano Kolbe e Eu é um filme de animação que conta a história real do padre polonês Maximiliano Maria Kolbe, um franciscano que morreu como mártir no campo de extermínio de Auschwitz, se oferecendo como voluntário para morrer de fome no lugar de Franciszek Gajowniczek. Por conta desse ato tão nobre, foi canonizado pelo seu compatriota, o Papa São João Paulo II, em 10 de outubro de 1982, na presença de Franciszek, que sobreviveu aos horrores do campo de concentração.
O filme relata a história de vida do padre desde que era um menino até seus últimos dias, sob o ponto de vista do idoso e solitário Gunter. Quem escuta com muita atenção e acaba ficando interessado nos feitos de Kolbe é o jovem rebelde D.J., que após grafitar o muro da igreja e receber um ultimato na escola, acabou tendo que passar muito tempo com Gunter, como uma forma de punição. Porém, conforme vão se conhecendo, D.J. vai aprendendo cada vez mais lições sobre altruísmo com o velhinho e uma amizade surge entre eles.
Já adiando que ter escolhido essa trama para dividir espaço com a história do personagem titular não foi das melhores ideias – apesar da relevância que Gunter terá em certo momento. A história do padre Kolbe já é incrível por si só e poderia ter sido o único foco na narrativa de Maximiliano Kolbe e Eu.
Rajmund Kolbe nasceu em 1894, na Polônia. Aos 10 anos teve uma visão com a Virgem Maria e no ano seguinte, após a invasão seu seu país pela Rússia, ingressou num seminário de jovens, criado pelos frades franciscanos. Foi lá que recebeu o nome Maximiliano, e depois de uma estadia em Roma, foi ordenado sacerdote em 1918. Desde sua visão, sempre foi um grande devoto de Maria e, após se tornar padre, voltou à sua terra natal e passou a espalhar a palavra dela através do jornal O Cavaleiro da Imaculada. Alguns anos depois, conseguiu tornar sua missão ainda maior e construiu A Cidade da Imaculada.
O padre Maximiliano Kolbe enfrentou muitos desafios em sua vida, mas sua fé fez com que ele conhece muitos lugares e pessoas. Até que, durante o início da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha invadiu a Polônia e ele foi preso. No fim, se ofereceu para trocar de lugar com um pai de família, doando sua vida para salvá-lo. Ele e outros nove presos foram deixados em um bunker para morrer. Porém o ato de se sacrificar por alguém acaba sendo apenas uma pequena passagem sem força durante esse filme.
Maximiliano Kolbe e Eu é um filme que ostenta suas convicções religiosas com orgulho, sendo descaradamente católico. Não estou dizendo que é preciso fugir totalmente disso, o que seria absurdo em um filme sobre um santo da igreja, mas ele parece mais preocupado em evangelizar o público do que em contar uma história que poderia ser muito emocionante para todos – e filmes religiosos podem trazer mensagens poderosas até mesmos para os que não creem. A crença ou fé de cada pessoa é muito respeitável, mas o longa parece um discurso de panfleto a favor da religião católica, com imagens da Virgem, de anjos e até do próprio Jesus Cristo.
O estilo de animação também não é dos mais agradáveis aos olhos e parecem imagens de antigos videogames, com gráficos ultrapassados. Talvez isso tenha acontecido por conta do enorme tempo que esse filme levou para ser feito. Foram cerca de doze anos e algumas trocas de estúdio para o projeto finalmente sair do papel.
A bondade e a coragem de um homem como Maximilian Kolbe, que pregou os ensinamentos da sua Igreja até à sua morte, são sem dúvida alguma impressionantes. Mas Maximiliano Kolbe e Eu não encontrou a melhor maneira de contar sua história.
Com distribuição da Kolbe Arte, a animação Maximiliano Kolbe e Eu chegará exclusivamente aos cinemas brasileiros no dia 17 de outubro de 2024.
Ruim
Maximiliano Kolbe e Eu poderia ter focado apenas em contar a história surpreendente do padre titular, mas se perde ao dividir o longa com a trama de um jovem problemático e ao tentar panfletar a favor da religião católica exageradamente.