A Vingança de Cinderela | Crítica A Vingança de Cinderela | Crítica

A Vingança de Cinderela | Crítica

Entrega mais risadas involuntárias do que sustos genuínos
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A Vingança de Cinderela é mais um capítulo no recente fenômeno de reimaginar contos de fadas como produções de terror, uma tendência que ganhou força após o controverso Ursinho Pooh: Sangue e Mel de 2023. Esse subgênero busca transformar figuras icônicas da cultura popular em símbolos de horror, muitas vezes brincando com o absurdo e o grotesco. No entanto, A Vingança de Cinderela, dirigido por Andy Edwards e roteirizado por Tom Jolliffe, talvez tenha exagerado na dose, resultando em uma obra que, apesar de prometer terror, entrega mais risadas involuntárias do que sustos genuínos.

 

A Vingança de Cinderela | Crítica
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Interessante é o ponto de partida do filme, que se apropria do ar sombrio presente na história original de Cinderela, muito antes de ser suavizada pela Disney em 1950. A versão de Charles Perrault, escrita em 1697, já trazia elementos de sofrimento e crueldade, inspirada pelo conto italiano La gatta cenerentola (“A gata borralheira”). No entanto, Edwards e Jolliffe parecem ter se perdido na tentativa de extrair dessa tradição narrativa o sofrimento e a violência psicológica que marcaram a jovem Cinderela nas mãos de sua madrasta, transformando esses elementos em um pastiche de horror que, lamentavelmente, falha em capturar a essência do terror verdadeiro.

O filme acompanha a jovem Cinderela, vivida por Lauren Staerck, em sua luta desesperada para sobreviver em um ambiente onde é constantemente maltratada por sua madrasta e suas filhas. A premissa de tortura física e psicológica, combinada com a promessa de uma vingança sobrenatural, poderia ser a receita para um terror psicológico envolvente e perturbador. No entanto, o resultado é uma narrativa que se desenrola sem profundidade, deixando de lado o potencial para uma exploração mais visceral do sofrimento da protagonista. A introdução da Fada Madrinha, interpretada por Natasha Henstridge, como uma figura ambígua, capaz de magia tanto benevolente quanto maléfica, também é mal executada. A ideia de uma máscara poderosa e terrível, prometendo uma vingança sangrenta, se perde em meio a uma execução desleixada e apressada, que não faz jus à tensão que a história deveria criar.

As atuações de Staerck e Henstridge são um espetáculo à parte, e não no bom sentido. Ambas entregam performances que parecem dignas de premiações como o Framboesa de Ouro, tamanha a falta de nuance e a abundância de expressões exageradas. Staerck não consegue transmitir a profundidade emocional de uma personagem que deveria estar à beira da loucura, enquanto Henstridge transforma sua Fada Madrinha em uma caricatura sem graça. É difícil levar a sério um filme em que as atuações principais mais despertam risos do que calafrios.

Visualmente, A Vingança de Cinderela também decepciona. O design de produção parece ter sido retirado de uma telenovela de baixo orçamento, com cenários genéricos e pouco inspirados. As cenas de violência, que deveriam ser o ponto alto de um filme de terror, são mal coreografadas e frequentemente mal iluminadas, com uma predominância de ambientes escuros que parecem mais esconder as falhas técnicas do que criar uma atmosfera assustadora. Mesmo os efeitos especiais, que poderiam ter acrescentado um toque de grandiosidade ou pelo menos de inovação, são básicos e pouco convincentes.

Por fim, a trama de A Vingança de Cinderela é um desperdício de uma ideia que, em mãos mais talentosas, poderia ter se tornado um thriller psicológico intrigante ou uma exploração perturbadora do abuso e da vingança. Em vez disso, o filme se contenta com o mínimo, entregando uma narrativa que não vai além da superfície e que se perde em diálogos rasos e clichês. Comparado a Ursinho Pooh: Sangue e Mel, que ao menos tinha a coragem de ser deliberadamente absurdo, A Vingança de Cinderela parece uma tentativa sem graça de entrar na mesma onda, mas sem a criatividade ou a audácia necessárias para realmente se destacar.

A Vingança de Cinderela é um lembrete de que nem todas as histórias estão destinadas a se tornarem filmes de terror, e que às vezes é melhor deixar certos contos de fadas descansarem em paz, longe das mãos daqueles que não sabem como transformar sofrimento em arte.

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RUIM

A Vingança de Cinderela é um desperdício de uma ideia que, em mãos mais talentosas, poderia ter se tornado um thriller psicológico intrigante ou uma exploração perturbadora do abuso e da vingança. Em vez disso, o filme se contenta com o mínimo, entregando uma narrativa que não vai além da superfície e que se perde em diálogos rasos e clichês.