Um Tira da Pesada 4: Axel Foley | Crítica Um Tira da Pesada 4: Axel Foley | Crítica

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley | Crítica

Um retorno digno ao detetive que definiu uma geração
Divulgação/Netflix

Após um hiato de três décadas, Um Tira da Pesada 4: Axel Foley marca o retorno da franquia que catapultou Eddie Murphy ao estrelato nos anos 80. Esse filme, lançado em uma colaboração entre a Paramount e a Netflix, é um presente aguardado pelos fãs e, ao mesmo tempo, uma tentativa de resgatar a glória que o terceiro filme quase conseguiu enterrar. O retorno de Axel Foley não é apenas um reencontro com um personagem icônico, mas também um esforço consciente para apagar a amarga lembrança deixada por Um Tira da Pesada 3. O entusiasmo de Murphy para reviver o personagem que o consagrou é palpável em cada cena, revelando sua determinação em oferecer um retorno digno ao detetive que definiu uma geração.

 

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley | Crítica

Desde a estreia do primeiro filme em 1984, Um Tira da Pesada marcou uma época ao combinar comédia e ação de maneira inovadora, com Axel Foley como o astuto e espirituoso detetive de Detroit que se embrenha no sofisticado mundo de Beverly Hills. O primeiro filme definiu o molde do sucesso, enquanto o segundo conseguiu manter o frescor da fórmula. No entanto, o terceiro filme de 1994 tropeçou em seu próprio caminho, deixando uma sensação de oportunidade perdida. Essa sensação de insatisfação sempre incomodou Murphy, que acreditava que Foley merecia mais. Atravessando anos de debates, rascunhos rejeitados e diretores desistentes, a obstinação de Murphy finalmente encontrou um terreno fértil para germinar nesta quarta incursão, sob o olhar do diretor estreante Mark Molloy e o roteiro assinado por Will Beall.

A trama de Um Tira da Pesada 4: Axel Foley é uma combinação de elementos familiares e novos desafios. Quando a vida de sua filha (interpretada por Taylour Paige) é colocada em risco, Foley é puxado de volta à ação em Beverly Hills. Ele se alia a um novo parceiro, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, além de reencontrar os velhos companheiros Billy Rosewood (Judge Reinhold) e John Taggart (John Ashton). A química entre o elenco original e os novatos é um ponto alto, trazendo uma sensação de continuidade ao mesmo tempo em que abre espaço para novas dinâmicas. A interação de Foley com sua filha e o novo parceiro não só adiciona uma camada emocional, mas também permite que o humor característico de Murphy brilhe.

O filme sabe onde está fincando suas raízes: na nostalgia. Desde os primeiros minutos, Um Tira da Pesada 4: Axel Foley joga com o tempo e as memórias, reconhecendo a passagem dos anos e a transformação do protagonista, sem perder a essência do que tornou Axel Foley inesquecível. Há um charme inerente em ver Murphy reprisar o papel com a mesma energia e sagacidade que conquistou o público décadas atrás. Suas tiradas rápidas e a forma como navega pelo território conhecido de Beverly Hills são tão agradáveis quanto um reencontro com um velho amigo. O filme também presta homenagens sutis e diretas ao passado, trazendo de volta personagens icônicos como Paul Reiser e Bronson Pinchot, cuja presença adiciona camadas de familiaridade e fan service sem parecer forçada.

No entanto, apesar das muitas qualidades e do apelo nostálgico, a narrativa central é o ponto em que o filme menos brilha. A trama é funcional, servindo mais como um palco para os reencontros e para as sequências de ação, do que como um arco dramático envolvente. O vilão, infelizmente, carece de complexidade, caindo no genérico e previsível. Essa superficialidade na construção do antagonista limita o impacto emocional que o filme poderia alcançar, especialmente se comparado aos vilões mais memoráveis da série. Ainda assim, a competência técnica de Molloy na direção e a escrita ágil de Beall garantem que o ritmo não se arraste, mantendo o público engajado com cenas de ação bem coreografadas e diálogos afiados.

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley não é apenas uma carta de amor de Eddie Murphy para seus fãs, mas também uma ponte para o futuro. A decisão da Netflix de reviver a franquia sugere um desejo de explorar novas possibilidades e possivelmente introduzir Axel Foley a uma nova geração. O filme, embora ancorado na nostalgia, oferece pistas de que há mais por vir, posicionando-se como um trampolim para futuras aventuras, algo que certamente será bem recebido pelos fãs antigos e pelos novos espectadores.

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley é uma homenagem calorosa e bem-vinda a uma das franquias mais queridas dos anos 80 e 90. Ele captura a essência do que fez de Axel Foley um personagem inesquecível, equilibrando a comédia e a ação com uma leveza que parece orgânica e genuína. Eddie Murphy prova mais uma vez por que ele é o coração pulsante da série, trazendo um charme atemporal que faz com que este retorno se sinta como um reencontro esperado e gratificante. A despeito de uma trama central pouco inspirada, o filme se destaca pela sua capacidade de revisitar o passado com carinho e abrir portas para novas possibilidades no universo de Axel Foley.

 

3

BOM

Uma Tira da Pesada 4: Axel Foley é uma homenagem calorosa e bem-vinda a uma das franquias mais queridas dos anos 80 e 90. Ele captura a essência do que fez de Axel Foley um personagem inesquecível, equilibrando a comédia e a ação com uma leveza que parece orgânica e genuína.