Um Lugar Silencioso: Dia Um | Crítica

Os sons de Nova York estão continuamente a 90 decibéis, o equivalente a um grito constante. É com essa informação que Um Lugar Silencioso: Dia Um começa. É difícil imaginar uma cidade tão grande ficando em silêncio, mas é o que precisa acontecer quando alienígenas que caçam através do som invadem o planeta – criaturas já conhecidas do público, pois já estiveram em Um Lugar Silencioso e Um Lugar Silencioso 2. Diferente dos dois primeiros filmes da franquia, o foco aqui não está nos dramas de uma família em uma cidade pequena, mas sim de uma mulher presa em uma das maiores metrópoles dos EUA.

Interpretada por Lupita Nyong’o, Samira é uma mulher com câncer terminal compreensivelmente ressentida com sua condição. Ela está em Nova York de passagem quando criaturas invadem a cidade. Quando os ataques são iniciados, ela fica inconsciente rapidamente em uma cena que apenas sugere uma enorme violência por parte dos invasores. Quando ela acorda, os sobreviventes reunidos em um teatro já presumiram que os monstros são atraídos pelo barulho, por isso é importante manter a calma. Um desses sobreviventes é o personagem de Djimon Hounsou, que apareceu em Um Lugar Silencioso 2 – agora podemos conhecer um pouco mais sobre a sua história.

Apenas algumas horas após os ataques as pessoas já sabem que é preciso manter o silêncio e que os invasores não sabem nadar – o que vejo como uma falha desse prelúdio. Um Lugar Silencioso: Dia Um não dá mais detalhes além dos que já conhecemos. Quando Um Lugar Silencioso foi lançado, o público simplesmente aceitou que essas criaturas caçadoras de humanos estavam entre nós e se concentrou no drama da família Aboott.

Agora vemos o dia em que esses alienígenas chegaram à Terra, mas seguimos sem nenhuma grande novidade em relação à elas, o que parecia ser a proposta do marketing do filme. Um Lugar Silencioso 2 já havia mostrado sobre esse início de tudo e o prelúdio apenas nos dá uma visão mais ampla do caos. Por que eles matam? O que eles comem? O que eles querem? Seguimos sem saber, ainda assim, mais uma vez temos um filme que deixa o público investido em seu drama.

Apesar de Samira estar com muita dor e estar sofrendo mais do que os outros por conta de sua doença, ela é uma das pessoas mais determinadas, afinal Sam tem um último desejo e não poupar esforços para realizá-lo, mesmo com o mundo e sua vida acabando. Juntando-se a Sam nesta jornada inesperada está seu gato fofo, Frodo. Nico e Schnitzel, os dois gatinhos que interpretam Frodo dão um show de atuação (apesar de ser difícil acreditar que um gato passe tanto tempo sem miar ou ronronar).

É Frodo quem “encontra” Eric, interpretado por Joseph Quinn, um rapaz britânico que está em pânico por conta dos acontecimentos recentes. Os dois humanos rapidamente formam um vínculo forte, mesmo sem muita conversa. Samira quer que Eric fuja dali e tente se salvar de qualquer forma, mas ele está decidido à acompanhá-la em sua missão.

As atuações são o ponto forte de Um Lugar Silencioso: Dia Um. principalmente a Samira de Lupita Nyong’o, que é alguém que encontra na tragédia algo pelo qual vale a pena lutar, mesmo depois de ter desistido de tudo. Além disso, ela continua comprometida em proteger seu gato, que não parece estar tão preocupado com a destruição da humanidade. É a performance dela que com que o público tenha empatia e se conecte com esse universo e quando o mundo começa a acabar, todos já estão investidos na história. Joseph Quinn também está muito bem e consegue demonstrar a doçura e vulnerabilidade de Eric através de suas ações e olhares, contrastando e complementando a personagem de Nyong’o.

O prelúdio mostra que a franquia pode dar certo sem seus personagens principais e consegue mostrar novas histórias impactantes combinando momentos de terror, tensão e uma drama emocionante.

Um Lugar Silencioso: Dia Um estreia em 27 de junho, com distribuição da Paramount Pictures.