Amarela Amarela

Amarela | Curta brasileiro concorre à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes

Divulgação

O curta-metragem Amarela, escrito e dirigido pelo nipo-brasileiro André Hayato Saito, produzido por Mayra Faour Auad e Gabrielle Auad // MyMama Entertainment, está concorrendo à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes. O filme foi selecionado entre mais de 4420 obras inscritas e disputa o prêmio máximo do festival com outras dez produções.

São Paulo, julho de 1998. No dia da final da Copa do Mundo contra a França, Erika Oguihara (Melissa Uehara), de 14 anos, uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa, está ansiosa para comemorar um título mundial pelo seu país. Em meio a tensão que progride durante a partida, Erika sofre com uma violência que parece invisível e adentra em um mar doloroso de sentimentos.

Sempre me senti japonês demais pra ser brasileiro e brasileiro demais pra ser japonês. A busca por uma identidade que habita o entrelugar se tornou a parte mais sólida de quem eu sou. Amarela é uma ferida aberta não só do povo Nipo-Brasileiro, mas de todos os filhos das diásporas ao redor do globo que se conectam a esse sentimento de serem estrangeiros no próprio país. Erika, a protagonista, representa o desejo de encontrar nosso lugar no mundo“, comenta Saito. Outro fato celebrado pelo autor é o de ter composto uma equipe e elenco majoritariamente amarelos, acontecimento raro no audiovisual brasileiro.

Amarela é a terceira parte da trilogia de curtas da MyMama com o Saito que investiga sua ancestralidade japonesa a partir de um olhar autoral e íntimo. Tal busca identitária teve início com o curta-metragem Kokoro to Kokoro, que abordou os laços de amizade entre sua avó paterna e sua melhor amiga japonesa.

A trilogia seguiu com Vento Dourado, obra que tem como personagem principal sua avó materna, Haruko Hirata, que aos 94 anos se encontra no limiar do existir. O cineasta explora a relação entre as gerações em um ensaio sobre a morte e a convivência íntima da matriarca com sua filha Sumiko, sua cuidadora por 18 anos. O curta fez sua estreia em abril deste ano no histórico 46º Festival Internacional de Cinema de Moscou e terá sua estreia europeia no 31º Sheffield DocFest, que acontece em junho de 2024.

Amarela, produzido por uma equipe majoritariamente brasileira com ascendência asiática, será o ponto de partida para o primeiro longa-metragem do diretor, Crisântemo Amarelo, projeto que sintetiza a trilogia e está em processo de captação. Todos os filmes são produzidos pela MyMama Entertainment.