Bob Marley: One Love I Crítica Bob Marley: One Love I Crítica

Bob Marley: One Love I Crítica

Divulgação/Paramount

Dirigido por Reinaldo Marcus Green (King Richard: Criando Campeãs) e protagonizado pelo ator inglês Kingsley Ben-Adir (Uma Noite Em Miami), o longa Bob Marley: One Love conta um período relevante da vida do homem por trás da lenda do reggae. Ele era uma figura interessante, pois nasceu na pobreza e mesmo com uma curta vida, se tornou uma das principais vozes de seu país, tanto na música quanto no ativismo político e um dos cantores mais famosos do mundo.

O roteiro do longa, escrito por Terence Winter, Frank E. Flowers, Zach Baylin e Green, evita o modelo padrão das cinebiografias, que costumam mostrar a história do retratado do nascimento ao fim da vida. O enredo foca em apenas um curto período de tempo da vida de Bob Marley, de 1976 a 1978 – porém esse foi um período onde muitas coisas aconteceram.

Com uma carreira na música consolidada em seu país natal e já como uma voz ativa na política, o artista se encontra no meio de onda de violência na Jamaica. Ele está tentando fazer um show grátis para a população com a intenção de trazer unidade e colocar um fim à violência infligida por dois líderes políticos em conflito. Então, acontece uma tentativa de assassinato na casa de sua família, em 1976. Bob Marley e sua esposa, Rita (Lashana Lynch), são baleados, mas sobrevivem. Esse é o pontapé inicial para a trajetória do artista que será abordada no longa. Bob Marley se auto exila na Inglaterra e durante esse período grava seu aclamado disco Exodus, que foi um enorme sucesso e o levou ao estrelato mundial. Rita e a família vão para Delaware morar com a mãe de Marley.

Porém, esse período que passou longe de casa apenas aborda a música e alguns problemas com Rita, deixando de lado parte da proposta do longa, que é de exibir o lado mais humano da estrela, o lado desconhecido. O filme foi feito com a cooperação da família de Bob Marley, com muitos dos membros atuando como produtores, o que faz com que o público espere uma história fiel e com muitos detalhes, já que os envolvidos são pessoas que estavam com ele em seu dia a dia.

Bob Marley: One Love até transmite elementos mais mundanos da vida do astro, como suas corridas e seu amor pelo futebol, fazendo com que o lado mais humano dele apareça. Mas não se aprofunda em como ele realmente se sentia em relação ao que estava acontecendo em sua vida. Muitas de suas falhas também foram deixadas de lado, para retratar apenas o lado bom de Marley e reforçar esse lado icônico.

O longa destaca a personagem Rita, esposa e backing vocal de Bob Marley, Chris Blackwell (James Norton), o fundador da Island Records e o empresário Don Taylor (Anthony Welsh). Os outros personagens, incluindo a banda e a família, ficam em segundo plano, muitos deles nem ficamos sabemos os nomes, se tornando apenas uma massa de seguidores do protagonista. Rita é a única personagem que acaba trazendo à tona um lado de Bob Marley que era mais difícil de lidar e mostrando ao público o quão difícil era amar um homem que nem sempre era tão pacífico e fácil de gostar. O casal tinha um relacionamento complicado e longo, que era conectado pela música, religião e momentos que compartilharam durante toda a vida.

Flashbacks relembram rapidamente a infância difícil de Marley, moldada pelo abandono de seu pai  – um homem branco que não o reconhecia como filho. Esse abandono e os problemas familiares também servem como pano de fundo para o início do namoro de Marley e Rita. Também vemos como os Wailers conseguiram seu primeiro contrato de gravação e são introduzidas algumas poucas cenas que falam sobre a religião Rastafari, sem se aprofundar muito no assunto tão relevante na vida do cantor.

Kingsley Ben-Adir recebeu uma tarefa difícil. Interpretar uma lenda da música não é fácil, dublar suas performances no palco, também não. Porém, ele não transforma seu personagem em uma caricatura. Ele fecha os olhos e dança como Marley fazia em seus shows, além de fazer um bom trabalho nas cenas dramáticas. A química com Lashana Lynch foi boa. A atriz também fez um bom trabalho como a esposa e colega de trabalho que precisou abrir mão de muito para ficar ao lado do homem que amava. Ambos fizeram o melhor que podiam com um roteiro tão raso.

O longa a presenta grande parte da música de Marley, com algumas das cenas mostrando seu processo de criação espontâneo, provando que ele conseguia formas de passar sua mensagem mesmo nas situações mais desafiantes. Também captura como algo relacionado ao Rastafari e ao povo jamaicano podia se tornar uma mensagem capaz de conquistar as pessoas de todo o planeta.

Com erros e acertos, Bob Marley: One Love peca em se aprofundar em questões relevantes da vida do artista, usando-as apenas como ponto de partida para enaltecer sua música e mensagem que fizeram com que eles conquistasse o mundo. Os fãs irão se emocionar e é impossível sair do cinema sem que algum dos grandes sucessos fique grudado na sua cabeça.

Com distribuição da Paramount Pictures, Bob Marley: One Love está em cartaz nos cinemas brasileiros.

 

2.5

Razoável

Bob Marley: One Love foge do tradicional e mostra apenas um recorte da vida lenda do reggae, Bob Marley. Porém, são anos em que muitos dos momentos mais relevantes de sua carreira e mais conturbados de sua vida ocorreram. Apesar do roteiro não trazer profundidade em muitos assuntos que pareciam bastante relevantes, as atuações e a música são pontos positivos.