O Sequestro Do Voo 375 I Crítica O Sequestro Do Voo 375 I Crítica

O Sequestro Do Voo 375 I Crítica

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O Sequestro do Voo 375, longa dirigido pelo cineasta Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) e produzido por Joana Henning (De Perto Ela Não é Normal), chega aos cinemas brasileiros em 7 de dezembro. O argumento é de Constâncio Vianna, pesquisador e autor de obra documental sobre o fato ocorrido em 1988, há 35 anos, no período da redemocratização e pré-constituinte, durante o governo José Sarney. O longa é baseado na história real do mais notório sequestro de aeronave do Brasil, crime que chocou no final dos anos 1980, mas que acabou caindo no esquecimento do grande público.

No longa, o motorista de trator maranhense Raimundo Nonato (Jorge Paz), transtornado com as dificuldades financeiras de sua família, decide sequestrar um avião da VASP com mais de 100 pessoas a bordo com o objetivo de atingir o Palácio do Planalto e matar o então presidente José Sarney. Além de recontar a tragédia, O Sequestro do Voo 375 também homenageia o piloto Fernando Murilo (Danilo Grangheia), que se tornou um herói ao salvar mais de cem pessoas, e o copiloto Salvador Evangelista (César Mello), assassinado ao tentar se comunicar com a torre de comando.

O Sequestro do Voo 375 se passa no período que ficou conhecido como “década perdida” no Brasil, por conta de uma economia extremamente fragilizada após o período de redemocratização, que levou à hiperinflação. Isso fez com que muitas pessoas passassem a viver na pobreza e é aí que entra a figura de Raimundo Nonato, um homem que não consegue prover para sua família.

O Sequestro do Voo 375Após o presidente prometer que todos teriam empregos e não cumprir, Nonato é tomado por um enorme ódio e decide fazer algo extremo. Obviamente, nenhum de nós vai concordar que derrubar um avião repleto de civis seja uma boa alternativa para resolver o problema, mas conhecer os problemas pelos quais a população brasileira estava passando faz com que o público consiga entender as motivações de Nonato e até ter empatia por ele. Jorge Paz é o responsável por isso, conseguindo passar muita raiva, mas também ingenuidade e desespero.

O piloto Fernando Murilo acabava de voltar de uma suspensão não remunerada por exigir melhores condições para a tripulação que trabalhava por longas jornadas, mostrando que, mesmo para os que tinham emprego, a vida não era fácil durante o período mencionado. Danilo Grangheia, que o interpreta, é outro destaque do elenco, com um personagem que consegue manter o controle da situação, mesmo quando ela não é nada favorável.

Os diálogos entre os dois personagens rendem alguns dos melhores momentos, com o piloto tentando colocar razão na cabeça do sequestrador e gerando muita tensão entre eles.

Mas não é apenas por suas críticas sociais e boas atuações que O Sequestro do Voo 375 chama atenção. O filme é repleto de ação de uma forma rara no cinema brasileiro, que lembra bastante os filmes hollywoodianos sobre o mesmo tema e mostram um bom trabalho do diretor Marcus Baldini. O filme se passa praticamente todo em dois lugares, dentro do avião e na torre de comando, onde os controladores e agentes da Força Aérea Brasileira tentam negociar com Nonato.

Em alguns momentos os efeitos especiais que mostram os aviões em pleno voo não são tão bons e eles parecem brinquedos gravados em um fundo de nuvens. Porém, nas cenas mais relevantes para a trama, que são as que se passam no interior da aeronave, a equipe conseguiu transmitir o tom do desespero que os passageiros passaram durante o voo de forma que o espectador certamente ficará grudado na cadeira do cinema, procurando o cinto de segurança para ajustar a fivela.

O Sequestro do Voo 375, filme da produtora Escarlate com coprodução da Star Original Productions, chega em 7 de dezembro nos cinemas de todo o país.

4

Ótimo

Baseado no que poderia ter sido uma grande tragédia nacional, O Sequestro do Voo 375 é um filme emocionante, com boas atuações e muita ação. Vale a pena ser visto na telona.