Viúva Negra surgiu no MCU em 2010 no filme Homem de Ferro 2. Desde então, a espiã russa se tornou uma personagem chave para os Vingadores. Enquanto todos os seus companheiros ganharam filmes ou séries solo, faltava a Natasha Romanoff a oportunidade de contar a sua história. De forma tardia, Scarlett Johansson reprisa o papel da heroína após o trágico destino da espiã em Vingadores: Ultimato.
Após adiamento por conta da pandemia, o filme solo da espiã russa finalmente chega nos cinemas e no Disney+ pelo Premier Access. A sensação ao ver o longa dirigido por Cate Shortland é que ele deveria ter sido lançado há bastante tempo. Pelo menos, ter seguido a ordem cronológica do MCU e ser lançado após Guerra Civil. Há muita história de fundo e intrigas suficientes para não apenas um, mas dois filmes ou três filmes como aconteceu com Thor, Capitão América e Homem de Ferro.
Viúva Negra apresenta um estilo que lembra os filmes de espionagem dos anos 70, com pitada dos filmes atuais como Jason Bourne e Missão: Impossível. Ela incorpora esses grandes títulos e cria algo original, apostando em um elenco muito carismático para contar sua história.
O longa é ambientado logo após os eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016). Mas antes, somos levados para os anos 90, onde conhecemos uma jovem Natasha e sua irmã Yelena tendo uma breve vida em Ohio sob as figuras paternais de Alexei (David Harbor) e Melina (Rachel Weisz). Eles pareciam uma família normal, mas ‘mamãe’ e ‘papai’ eram na verdade espiões russos, e as meninas estavam apenas sendo preparadas para sua introdução em um programa de super soldado em sua terra natal. Natasha e Yelena foram transformadas de garotas comuns em máquinas assassinas, separadas quando Romanoff supostamente assassinou o chefe do programa, Dreykov (Ray Winstone), e destruiu sua Sala Vermelha. Já no presente, após violar o Tratado de Sokovia, Natasha precisa se esconder, sendo forçada a encarar seu passado quando reencontra com Yelena (Florence Pugh), que descobre uma substância que libera as Viúvas de sua subjugação química. Com a possibilidade de transformar as Viúvas em mulheres comuns, Yelena e Natasha formam uma aliança e buscam a ajuda de Alexei e Melina.
Com o tema família como pano de fundo, o público será bastante recompensado com as performances de Scarlett Johansson e Florence Pugh. É ótimo ver a dinâmica entre as duas. Natasha e Yelena são deveras diferentes e esse reencontro desperta sentimentos que elas gostariam de deixar pra trás. Interessante como cada uma enxerga o conceito de família durante a infância em Ohio. Pugh se torna uma grande adição ao MCU. Por muitas vezes, ela acaba ocupando o espaço de Scarlett como protagonista. Não é por acaso. Yelena vem sendo trabalhada para ser uma espécie de nova Viúva Negra. Por fim, o resultado é muito satisfatório.
Além de desempenhar muito bem as cenas de ação e com ótimas coreografias, Cate Shortland tem espaço para deixar sua assinatura, algo incomum já que os filmes da Marvel Studios segue uma fórmula à risca e supervisionada por Kevin Feige. Mas seu viés criativo não foi limitado, podendo ser notado nas cenas que ela trabalha os conflitos familiares entre os personagens. A introdução de Alexei e Melina na sequência do jantar se torna muito importante para o desenvolvimento das protagonistas. Cercado de muito humor, os diálogos são sempre efetivos, possuindo um início, meio e fim. Uma pena que David Harbour e Rachel Weisz tem um espaço limitado em tela. Ao final, fica um gostinho de querer mais dos dois personagens.
Contudo, o ponto baixo do filme é algo muito comum nos filmes do MCU. O uso subaproveitado do vilão. O Treinador desperta o interesse em sua entrada e na primeira cena de combate com Natasha, mas o personagem fica esquecido no segundo ato. Sendo assim, a revelação de quem está por trás da máscara acaba se tornando um anticlímax, já que não houve espaço suficiente para trabalhar o antagonista. É uma verdadeira pena como muitos vilões da Marvel tem seu potencial desperdiçado no universo cinematográfico.
Viúva Negra chegou tarde devido à pandemia e pelo receio da Marvel Studios de realizar um filme solo de uma heroína. Ao final, foi uma despedida justa e emocional da primeira vingadora. Apesar de melancólico ao dizer adeus para Scarlett Johansson, o filme desperta muita curiosidade sobre o futuro de Yelena e do MCU em sua importante cena pós-créditos.
BOM
Viúva Negra chegou tarde devido à pandemia e pelo receio da Marvel Studios de realizar um filme solo de uma heroína. Ao final, foi uma despedida justa e emocional da primeira vingadora.