A Mulher na Janela | Crítica |

A Mulher na Janela | Crítica |
Divulgação/Netflix

A Mulher na Janela é uma adaptação do best-seller de A.J. Finn, que entrou em um leilão entre os estúdios para adquirir os direitos do livro. O projeto acabou indo para a Fox 2000, sendo o último filme do estúdio antes da compra da Disney. Com um livro renomado e uma narrativa peculiar, era esperado que o filme dirigido por Joe Wright (Orgulho e Preconceito) se tornasse o grande suspense da temporada, o que não aconteceu.

O filme deveria ter sido lançado em maio de 2020 no Brasil, mas a versão inicial não agradou o público-teste, sendo duramente criticado. O longa passou por refilmagens e com a pandemia global que paralisou a indústria cinematográfica por mais de um ano, A Mulher na Janela chegou apenas em 2021 distribuído pela Netflix. Todo esse período poderia ser oportuno para corrigir os problemas de produção, mas é notório ver que as refilmagens só deixaram o suspense superficial e muito longe da obra que o inspirou.

Na trama, Amy Adams interpreta Anna, uma psicóloga que sofreu um colapso nervoso e não sai de casa há mais de 10 meses. Agorafóbica, a rotina de Anna é receber comida em casa, assistir filmes clássicos e ingerir bastante remédios controlados a base de vinho tinto. Mas a mistura de substâncias e isolamento torna ela uma narradora não confiável, o que deixa o espectador em dúvida sobre o crime que ela presencia no condomínio vizinho.

A Mulher na Janela remete muito ao clássico do gênero Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock. Joe Wright até homenageia o cineasta com alguns takes e sequências de terror psicológico. Mas fica só por aqui. Se trata de um suspense razoável, que aposta no talento de Amy Adams, responsável por prender o espectador mesmo com uma história superficial. O filme ainda conta com um elenco de apoio de primeira linha, com Julianne Moore, Gary Oldman e Wyatt Russell (o John Walker de Falcão e o Soldado Invernal). Mas, diferente do livro, são personagens que pouco interessam para o filme. O personagem de Oldman tem muito destaque no livro e seria importante para a narrativa. O filme em nenhum momento justifica sua presença. Daí voltamos para as refilmagens do filme, que devem ter cortado muita coisa dos amigos e familiares de Anna, deixando todo o filme nos ombros de Amy Adams.

O roteiro de Tracy Letts (Lady Bird), que faz uma ponta no filme, opta por ser simplista e corta muita coisa sobre a personalidade de Anna que deveria ser importante para o filme. O grande exemplo está na rotina de Anna em ficar na janela observando os vizinhos. O filme simplifica em apenas uma cena e ponto. O contexto de narradora não confiável parece não ter sido comprado por Joe Wright, que embarca em um suspense comum e acaba perdendo todo o potencial da narrativa.

No aspecto técnico, o filme tem erros e acertos. A fotografia busca muitas referências de clássicos do suspense para passar a quem está vendo a confusão mental que vive a protagonista. O mesmo não se pode dizer da trilha sonora, praticamente inexistente. É um filme que pede uma trilha capaz de fisgar o espectador. E olha que estamos falando do talentoso Danny Elfman, que deixa uma trilha irreconhecível nesse filme.

Por fim, A Mulher na Janela tem bons momentos graças a ótima atuação de Amy Adams. Porém, todo o seu potencial é desperdiçado em um suspense que se sabota ao seu final. O filme é uma mera distração, aproveitando o mínimo do que a história pedia. Seria uma adaptação minuciosa diante de uma história original complexa. Mas ao terminar o filme, fica claro que eles perderam o rumo por todos os problemas internos que esse filme passou.

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REGULAR

A Mulher na Janela tem bons momentos graças a ótima atuação de Amy Adams. Porém, todo o seu potencial é desperdiçado em um suspense que se sabota ao seu final. O filme é uma mera distração, aproveitando o mínimo do que a história pedia. Seria uma adaptação minuciosa diante de uma história original complexa. Mas ao terminar o filme, fica claro que eles perderam o rumo por todos os problemas internos que esse filme passou.