Cobra Kai – Terceira temporada [Crítica]

Cobra Kai - Terceira temporada [Crítica]
Reprodução/Netflix
Cobra Kai chega a sua terceira temporada, só que a primeira sob comando da Netflix, que adquiriu os direitos após o sucesso das duas primeiras temporadas no Youtube Red. Uma série que trata de tantos temas importantes, como bullying, traumas e erros do passado, merecia um dojo maior, digo, uma plataforma maior.

Os 10 novos episódios se aprofundam no universo de Karate Kid, mais precisamente no segundo longa. Rostos conhecidos estão de volta e trazem uma nostalgia para os fãs mais velhos, mas sem esquecer de apresentar a essência do karatê para o público mais jovem. A terceira temporada é dividida entre episódios com um ritmo mais lento, já outros deveras eletrizantes. Nesta nova temporada, os produtores realmente demostram um controle maior do show, dando aquilo que os fãs desejam no momento certo. Pode parecer piegas, mas o fan service é muito bem-vindo em Cobra Kai.

A terceira temporada é situada algumas semanas depois da trágica batalha campal entre os dojos rivais na escola do Valley. Do lado de Miyagi-Do, o dojo liderado por Daniel LaRusso (Ralph Macchio): sua filha Sam (Mary Mouser) está traumatizada com o evento e está com medo de outro ataque de Tory (Peyton List ), um membro do Cobra Kai antes liderado pelo rival de Daniel, Johnny Lawrence (William Zabka). O outro membro importante do Miyagi-Do, Robby (Tanner Buchanan), está fugindo depois de paralisar Miguel (Xolo Maridueña), chutando-o para a lateral de uma escada, deixando-o incapaz de andar. O tímido, carismático e nerd Demetri (Gianni Decenzo) usou seu treinamento Miyagi-Do para não se sentir mais intimidado pelo seu ex-melhor amigo e atual valentão Eli (Jacob Bertrand). Agora sob comando do sensei Kreese (Martin Kove), clássico vilão do longa original, o Cobra Kai se torna um exército de lutadores violentos e que não irão descansar para derrubar o Miyagi-Do mentalmente e fisicamente.

O pano de fundo da série é o filme Karate Kid 2. Com problemas em sua concessionária, Daniel LaRusso decide retornar para o Japão e revisita a clássica vila do segundo filme, e reencontra três figuras conhecidas. O episódio parece um fan service barato, mas na verdade é uma nova lição para Daniel sobre as famosas formas de autodefesa do Sr. Miyagi. As batalhas vão muito além do tatame.

Pegando esse gancho, Miguel enfrenta uma luta mental para recuperar o movimento das pernas. Ao seu modo, Johnny Lawrence decide ajuda-lo como um Sr. Miyagi às avessas. A relação entre os dois é fortificada e rende ótimos momentos. Para os fãs de rock anos 80, Dee Snider, conhecido por ser a voz da banda Twisted Sister, faz uma participação em um incrível número musical, que acaba ajudando Miguel. Nunca subestimem o poder da música.

O núcleo jovem da série mais uma vez alterna entre altos e baixos. Personagem importante na primeira temporada, Robby sofre por ter pouco espaço e pelo ator também não convencer no papel. Depois de ser preso por ter ferido gravemente Miguel, Robby passa um tempo na prisão sendo intimidado pelos presos até que ele decide revidar. No final, nenhum aprendizado. Só desculpas para ele continuar sendo uma versão adolescente de Johnny e se aproximar de Kreese, que percebe o “lado negro da força” no garoto.

Falando em Kreese, a série explora o passado do antagonista, mostrando que ele é muito mais complexo. Nos filmes, apenas foi dito que ele serviu no vietnã, onde aprendeu karatê e fundou o Cobra Kai. Um dos melhores episódios desta temporada é quando exploram sua juventude, mostrando que ele era sempre hostilizado por valentões, mas nunca demonstrava medo. Por isso, um dos lemas que ele prega é “O medo não existe neste dojo”. Kreese filtrou toda a violência que sofreu e decidiu atacar antes de ser nocauteado. A performance de Martin Kove é um dos pontos altos da série.

Apesar das cenas de luta, com direito a mais um plano sequência, dessa vez ainda mais corajosa e ousada, a série foca na lição mais importante: Lutas levam a consequências, dor e trauma. Karatê é auto-defesa e a busca pela força e paz interior. E claro, encontrar a redenção. Eli deixou de ser espancado pelos bullies e se tornou o principal valentão do Valley. Contudo, a performance do jovem Jacob Bertrand é sensacional, porque ele consegue passar os sentimentos confusos de Eli. Por trás de todo aquele visual rebelde, existe um bom rapaz. Sua redenção apesar de apressada, condiz com todo o contexto que a série carrega que as lutas mais importantes estão fora do tatame.

A terceira temporada de Cobra Kai põe panos quentes na rivalidade entre Daniel e Johnny. Era inevitável uma potencial parceria, já que Kreese está sempre dois passos a frente da dupla. Assim como nos filmes, as diferenças serão resolvidas no grande torneio.

Por fim, foi mais uma temporada que encontrou o equilíbrio entre entretenimento nostálgico e um excelente enredo dramático. A quarta temporada já está confirmada e tem cara de ser um provável desfecho. Ou, fechar um ciclo para a abertura de novas histórias. E contar boas histórias é o que Cobra Kai está fazendo muito bem.

4

Ótimo

Por fim, foi mais uma temporada que encontrou o equilíbrio entre entretenimento nostálgico e um excelente enredo dramático. A quarta temporada já está confirmada e tem cara de ser um provável desfecho. Ou, fechar um ciclo para a abertura de novas histórias. E contar boas histórias é o que Cobra Kai está fazendo muito bem.