A premissa de A Vastidão da Noite, filme exclusivo do Prime Video, é simples e você já pode ter visto em várias outras produções cinematográficas do gênero ficção-científica. Contudo, a forma como a história é contada consegue ser diferente de outros filmes. Do diretor Andrew Patterson, o longa chegou no final de maio no serviço da Amazon, sem tanta divulgação. Em tempos de isolamento, o boca a boca e as indicações pela internet fizeram do filme popular nestes últimos dias. E tudo que estão falando sobre o filme é verdade.
A Vastidão da Noite é um filme silencioso, que atiça sua curiosidade sobre a existência de vida extraterrestre. Será que estamos sendo observados? Será que eles querem se comunicar ou apenas nos dominar? Essas perguntas ficam na nossa cabeça já nos primeiros minutos de narrativa.
Patterson é assertivo em ambientar a história nos anos 50, período fervoroso sobre a existência de OVNI’s. A trama começa em um jogo de basquete do ensino médio em uma cidade do interior, com poucos habitantes. Dois garotos do ensino médio, Everett (Jake Horowitz) e Fay (Sierra McCormick), estão mais preocupados com seus trabalhos do que com o grande evento esportivo da cidade. Everett apresenta um programa de rádio noturno e Fay comanda a central telefônica. Os dois são curiosos e apaixonados por colher informações sobre o que rola na comunidade e são surpreendidos por um evento estranho. Eles identificam uma interferência nos sinais de rádio. Fay percebe que as chamadas telefônicas estão cortando. Um som alheio passa pela linha, um som que Fay não reconhece. Ela liga para Everett. Ele também não sabe o que é. Uma mulher liga para a mesa telefônica, gritando através da estática sobre algo incomum acontecendo nos arredores da cidade e um objeto gigantesco apareceu no céu. Fay e Everett decidem descobrir o que está acontecendo e embarcam em uma jornada ao desconhecido.
Os roteiristas James Montague e Craig W. Sanger reservam algumas homenagens aos programas daquela década, inserindo A Vastidão da Noite no formato de um episódio de um programa chamado Paradox Theatre Hour. Uma brincadeira sagaz que lembra Twilight Zone.
A Vastidão da Noite foca na busca por respostas de Everett e Jay. O roteiro opta por diálogos rápidos e ágeis. Eles estão conversando o tempo todo, sendo importante prestar atenção nos dois. Como a história se passa nos anos 50, algumas gírias são da época, o que pode levar algum tempo para descobrir do que eles estão realmente falando. Além disso, nos anos 50 havia muito ceticismo sobre vida fora da Terra. Everett custa a acreditar de que está diante de um sinal de vida extraterrestre, enquanto Fay está mais crente de que é possível. Isso continua durante a caminhada dos dois pela cidade.
Sendo uma produção de baixo orçamento, Andrew Patterson usa alternativas eficientes com o diretor de fotografia M.I. Littin-Menz para criar um clima de estranheza e mistério. Ela é o palco propício para que os seres misteriosos rondem por lá. A cidade é silenciosa e escura durante a noite, trazendo um clima noir. Com isso, o momento de clímax se torna impactante e envolvente.
Há uma cena que vale destacar. Uma tomada única de dez minutos, com Fay na central telefônica, atendendo, fazendo ligações, conectando fios e desconectando fios para cada ligação. Além de mostrar ao público como era complicado manejar o equipamento da época, a cena transmite a tensão da personagem de que algo está errado lá fora. Na medida que o som de cada cabo conectado e desconectado vai aumentando, é possível sentir a tensão de Fay por não saber o que fazer. A performance de Sierra McCormick é primordial para a sequência funcionar.
A Vastidão da Noite poderá dividir opiniões pelo estilo narrativo e com poucas transições, já que a história é toda situada em um local durante uma noite. Se não se importar com isso, estará diante de um longa instigante e conduzida por dois personagens carismáticos. Uma das surpresas do ano e que merecia mais destaque pela Amazon.
Ótimo
A Vastidão da Noite é um filme silencioso, que atiça sua curiosidade sobre a existência de vida extraterrestre. Será que estamos sendo observados? Será que eles querem se comunicar ou apenas nos dominar? Essas perguntas ficam na nossa cabeça já nos primeiros minutos de narrativa.
