Tartarugas Ninja se tornou um fenômeno da cultura pop durante o fim dos anos 80 e o início dos anos 90. Leonardo, Donatello, Michelangelo, Rafael e Mestre Splinter se tornaram personagens tão populares e suas imagens estavam estampadas em diversas mídias.
Mas, antes dos filmes, desenhos animados, games, brinquedos e uma variedade incontável de outros produtos, os quelônios surgiram originalmente nos quadrinhos pelas mãos dos artistas Kevin Eastman e Peter Laird. A HQ não ficou tão em evidência no Brasil, já que poucas edições foram lançadas e, jamais completas.
Agora temos a oportunidade de conhecer a origem das Tartarugas com as primeiras histórias em quadrinhos dos personagens. Baseado no Ultimate Collection, da IDW, a editora Pipoca & Nanquim reúne em seis volumes e, no formato original em preto e branco, os primeiros passos dos heróis antes de se tornarem uma febre.
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Lançado em maio de 2020, Tartarugas Ninja: Coleção Clássica Vol. 1 reúne as sete primeiras edições escritas e desenhadas por Kevin Eastman e Peter Laird. Logo de início, é fácil notar que a dupla buscou homenagear Jack Kirby, Frank Miller e George Lucas, nomes importantes para que se tornassem artistas.
Alguns conceitos da história original foram alterados com as adaptações para TV, Cinema e Games. Originalmente lançado em preto e branco, Leonardo, Donatello, Michelangelo, Rafael usavam uma faixa de mesma cor, a vermelha. Ou seja, não estranhem a capa da edição do Pipoca & Nanquim. Foi assim que as Tartarugas foram apresentadas originalmente. Só na série animada, visando a venda de produtos, que decidiram dar uma faixa de cada cor para eles, que contou com a aprovação de Eastman e Laird.
Títulos da Marvel e DC, gigantes na época, serviram de inspiração para as primeiras páginas. A mutação das Tartarugas Ninja foi semelhante com a origem do Demolidor, mais precisamente na edição Demolidor- O Homem sem Medo, de Frank Miller.
Diferente das animações e dos filmes, a HQ segue o formato mais realista e sombrio, com os quelônios descendo o sarrafo nos bandidos. Com apenas 15 anos, as tartarugas são adolescentes ainda se descobrindo. Então, em muitas ações durante a noite eles acabam se ferindo e a narrativa dá ênfase no quanto eles ainda precisam melhorar como equipe.
A origem do vilão Destruidor é marcada por uma tragédia pessoal, tornando-o vingativo. Além disso, interessante como as histórias de Destruidor e Mestre Splinter estão conectadas de alguma forma.
A edição também reserva uma história focada apenas em Rafael. Temperamental, ele é o único ninja com dificuldade para controlar suas emoções. Sua forma impulsiva e violenta acaba deixando seus irmãos em maus lençóis. A história solo mostra o encontro de Rafael com outro famoso personagem, Casey Jones. Os dois são um espelho do outro. Depois de muita rivalidade, os dois aprendem uma importante lição.
A arte de Kevin Eastman e Peter Laird te mantém preso nas 278 páginas. Apaixonados por cinema, eles criam cenas que são um deleite para os fãs da sétima e nona arte. Há uma eletrizante perseguição de carros e sequências de luta empolgantes, que sempre deixam uma referência para Jack Kirby. Fiquem atentos nas splash pages.
A sexta e sétima edição é uma carta de fãs apaixonados por Star Wars para George Lucas com as Tartarugas Ninja se aventurando pelo espaço. São as histórias mais legais e já dando sinais do que viria pela frente. Histórias com mais humor e aventura no lugar da violência nas primeiras edições.
Tartarugas Ninja: Coleção Clássica Vol. 1 é o registro de dois apaixonados por HQ’s. Um sonho de dois quadrinistas que se tornou realidade e os colocaram ao lado dos principais nomes do gênero.
E esse foi só o primeiro volume. Tem mais cinco pela frente, com o segundo previsto para ser lançado em dezembro de 2020.
COWABUNGA!